Daquelas imagens simples e fáceis de discernir o filme, como "é costume" nestes desafios cinéfilos aqui no Xadrez Memória. Pois... a qualidade não é muito boa, mas é o que se arranja.
Só uma ajudazinha: o filme é sobre uma personagem feminina e fascinante da Idade Média que me tem ocupado muitas horas de vida de leituras e audições.
Se até lá não me apetecer colocar mais nada, Bom Ano, e Bom Xadrez.
29/12/14
21/12/14
ROSA ALICE BRANCO
De uma grande, enorme poeta da literatura portuguesa atual.
Foto minha
Foto minha
A PRIMEIRA
PEDRA
Inclina-se
para a frente e tropeça no que foi :
o salto do
cavalo antes do cheque mate, antes da memória
mudar a
posição das raízes. Como escapar ao jogo vicioso
da memória?
Há uma espécie de futilidade
necessária à
crença na leveza.
Basta dizer
por exemplo:
eu era apenas
uma criança quando atirei a pedra
e a pedra era
uma nuvem branca
e a nuvem não
era a tempestade.
Veio a
saber-se que era um assassino,
ou vendia
órgãos tresmalhados,
ou então.
Apanhou uns
anos e bom comportamento
(ela descrê,
mas ele sai bem antes)
com as peças
alinhadas sobre o tabuleiro.
E logo o pião
se torna cavalo: um salto cria a inocência,
as peças
soltam-se no ar e depois caem para cima
em movimento
acelerado como é próprio da leveza.
Foi capturado
de novo e o caso arrasta-se
no tribunal e
nos cigarros do pátio.
Salvo as
devidas diferenças, não é o que todos
fazemos? Caso
contrário porque me arrasto também
entre que fui
e serei? Comes a rainha
e tudo o que
sou (ela ri desfeita)
me atira o
rosto contra o chão do tabuleiro.
Ainda me
debato com a boca a saber a terra
Qualquer inclinação do meu corpo
É só bússola
nos olhos de um cego.
Rosa Alice Branco, O Mundo Não Acaba no Frio dos teus
Ossos
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Poesia-xadrez,
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