XADREZ MEMÓRIA

Xadrez de memórias, histórias e (es)tórias, de canteiro, de sussurro, de muito poucos...

11/11/09

LASKER...Outra vez

"Emanuel Lasker: Denker, Weltenbürger, Schachweltmeister"

Pois é. No próximo dia 20 deste mês, a Sociedade Lasker de Berlim, vai lançar em festividade na Herzog August Library em Wolfenbüttel, um livro sobre Lasker, que mais do que uma extensa biografia, será quase uma súmula definitiva sobre a vida e obra deste grande génio do tabuleiro.


Uma obra monumental que teve a colaboração de grandes nomes associados ao estudo de Lasker, mas também da História do Xadrez. A lista é realmente impressionante para quem sabe quem são Linder, Forster, Donaldson, Lisovsky ou Hilbert, a que devemos acrescentar GM como Huebner, Tischbierek, Korchnoi!


Prof. Dr. Wolfgang Angerstein, Ralf Juergen Binnewirtz, John W. Donaldson, Juergen Fleck, Dr Richard Forster, Prof Dr Bernd Gräfrath, Dr. Tony Gillam, John S. Hilbert, Robert Huebner, Peter de Jong, Karl Kadletz, Thomas Lemanczyk, Dr.Isaac M. Linder, Tomasz Lisovsky, Roberto Mayor, Egbert Meissen Castle, Dr. Michael Negele, Susanna Poldauf, Toni Preziuso, Prof. Dr. Joachim Rosenthal, Raj Tischbierek, Robert van de Velde, Hans-Christian Wohlfarth. Um prefácio de Paul Werner Wagner, o atestado de competência editorial de publicação de Richard Forster, Stefan Hansen e Richard Negele, e a chancela editorial de uma casa insuspeita como é a Excelsior Verlag de Berlim, sobre a supervisão da Sociedade Lasker, tudo preparado para uma obra que não diria definitiva, mas que se vai afirmar por longos e bons anos como um “Vademecum” para qualquer Laskeriano que se preze, ou para figurar "altaneira" em qualquer biblioteca de xadrez que seja digna desse nome.

Assim, qualquer coisa como um livro gigantesco de 28,5 cm X 22 cm, mais de 1097 páginas, 4 Kg de peso, e dentro, 700 partidas de xadrez, muitas comentadas por Huebner , Tischbierek, 500 gravuras, muitas delas inéditas e...por aí fora! O preço rondará os 115 Euros.


Claro que já adivinharam qual será a minha prenda do "menino jesus" no Natal Xadrezistico!? Depois...depois como tudo é em alemão, OCR para cima e Power Translator a trabalhar, que remédio!

Ah! Podem ir a este link e tirar em pdf um extracto do Livro, ou seja na Homepage da melhor loja europeia de venda de livros e material de xadrez, a alemã: Schachversand-Niggemann

www.schachversand.de/startneue.htm




10/11/09

LASKER...Um bocadinho da minha paixão

O que tenho de Lasker?

Bem...pouco e, tirando um caso ou outro, de qualidade sofrível.

Assim comecemos pelas BIOGRAFIAS:

Esta biografia de Hannak continua como das raras de Emanuel Lasker. Diga-se desde já, fraquinha e com alguns erros de monta sobre este genial jogador. Ficou célebre o prefácio de Einstein. Tabelas de alguns torneios e 100 partidas comentadas levemente segundo os livros de torneios ou jogadores da época, completam este livro. Dá para ter uma ideia do percurso xadrezistico de Lasker, nada mais. Sobre a personalidade, o estilo de jogo, o homem por detrás do génio de xadrez, podem esquecer.


Esta biografia de Lasker feita por Nepomuceno é simplesmente um "pastiche" monumental do livro de Hannak! Só isso. Que que desculpem os meus leitores de língua hispânica. Em certas passagens é mesmo tradução literal. Aliás, o autor acaba por confessar a sua quase "oração" ao livro do alemão. Não há absolutamente nada de novo em Nepomuceno. A mesma cópia de lugares comuns, de estereótipos, de um passar de torneio para torneio, que até cansa o leitor. Como tal, só para quem for preguiçoso da tradução inglesa , ou alemão original de Hannak.


COLECÇÕES DE PARTIDAS


A primeira colecção de partidas de Lasker que adquiri vai para umas boas dezenas de anos. 75 partidas, sendo a última Lasker-Marshall do torneio de S. Petesburgo 1914. Este projecto que primitivamente se chamava " Dr. Lasker Chess Career", seria a de dois volumes, mas por razões desconhecidas ( talvez a ascensão de Reuben Fine ao estrelato do Xadrez Mundial-Candidato, e o trabalho intenso e imenso na realização de outros livros por parte de Fred Reinfeld) ficou-se só pelo primeiro volume ( 1889-1914)
Os comentários dos anos 30, podem-se considerar excelentes para a época, misturando sabiamente o texto explicativo com variantes, nunca demasiado extensas, pesadas. Não se sabe, quem contribuiu com o quê, para este livro, ou seja, se ele é mais Fine, ou mais Reinfeld, contudo, tendo na minha biblioteca vários livros de Reinfeld, o estilo de comentários e a forma de escrita, levam-me a desconfiar que a contribuição de Reuben Fine para o livro teria sido bem menor, trazendo o seu nome ,já célebre, um certo prestígio ao livro.
Um bom livro, mas hoje claramente datado, quer no estilo, quer nas variantes apresentadas. Um bom guia para dar a conhecer algumas "gemas" da arte laskeriana, o que já não foi mau. Foi um livro com enorme sucesso de vendas nos EUA e um best- seller da Dover Publications.
Um pormenor engraçadissimo na capa que pouca gente descobriu, e que é uma monumental "gaffe" da prestigiada casa editora: olhem para a capa (cliquem), vê-se Lasker, vê-se o seu rival Capablanca e depois no lado esquerdo entre Capablanca, a violeta, Lasker sim senhor , mas não o Emanuel, mas sim o americano Edward Lasker o renomado autor de livros de xadrez e forte jogador.



Já me referi a esta colecção da Chess Stars. Dois volumes, quase todas as partidas Lasker comentadas estilo informator, com a ajuda de computadores dos anos 90 . Dirigida por Khalifman, o trabalho árduo foi realizado por jogadores MI ou MF, alguns hoje GM. As análises são boas e profundas e não será por acaso que Kasparov, ou Dmitry Plisetsky, no terceiro volume dos "Meus Grandes Predecessores" ( só aí, e depois de muitas críticas!!) citam estes dois volumes na bibliografia. Existem análises de partidas de Lasker no volume 2, do livro de Kasparov que indubitavelmente foram tiradas destes volumes.
Bons livros, mas do estilo árido, seco, informatizado, que sinceramente não aprecio. Úteis para comentar um partida, para buscar variantes numa posição mais complexa, mas que não acrescentam nada à beleza e complexidade do xadrez de Lasker.
De qualquer forma, livros a valer a pena adquirir.


De um grande apaixonado do Xadrez, de um grande Laskeriano, Ken Whyld. As partidas não são comentadas, mas é o mais completo repositório das partidas de Lasker. Limito-me a copiar o excelente texto do Lanier ( ele não leva a mal) no seu Al-Shatrandj "...contém 1390 !! partidas, muitissimas delas de simultaneas. Whyld passou anos a pesquisar em hemerotecas e collecionar partidas de Lasker - outros recolhidos só mostram as partidas do mestre em Torneio, o que são poucos. Lasker não tinha essa frenética actividade competitiva como por exemplo Alekhine, só jogou num punhado de torneios durante a sua vida. Cada partida vem com informações donde provêem, data, local, designaçâo conforme ECO. Há muitas ilustraçôes preto e branco, e além disso diagramas de partidas, tabelas de torneios - e todos problemas e estudos compostos pelo Lasker. Espantoso - a pobre encadernação e impressâo - feito na Chequia! - esconde um tesouro immensuravel!"




Um bom livro da editorial Sopena , bastante antigo, mas com comentários a preceito embora leves. Claramente um livro de divulgação aos xadrezistas sul-americanos das partidas de Lasker, mais precisamente 84, cobrindo os anos de 1894 a 1921. Lê-se com agrado, mas nada mais.


DIGITAL



Com o selo de qualidade da Chessbase, da série Monografias. Bom CD, com uma curta mas razoável biografia, algumas partidas excelentemente comentadas, algumas fotos (embora nenhuma novidade), informações de torneios e matchs do grande campeão, um ou outro vídeo com testemunhos de Hubner, Unzicker, Lilienthal, algumas tentativas tímidas de explicar auperioridade de Lasker sobre os seus adversários.
Um CD que todo o apaixonado de Lasker deve possuir, que não deslustra , mas também não deslumbra. FIca-se com a sensação que a ChessBase poderia ter feito muito mais, e que foi um trabalho realizado à pressa, lamento dizê-lo!
A ChessBase teria muito a aprender com essa obra prima extraodinária em forma digital de Sid Pickard "The Collected Works of William Steinitz", esse sim o melhor CD ROM que algum dia se realizou sobre um jogador de xadrez e Campeão do Mundo. Foi uma das homenagens mais belas que digitalmente uma editora prestou a um génio de Xadrez, neste caso Steinitz. O Lasker da ChessBase fica aquém e muito.



Da antiga Convekta estilo Chess Stars, mas sobre forma digital. Bio, e partidas comentadas tipo Informador. Interessante nada mais.


MISCELÂNEA



Claro. Kasparov sobre Lasker. E aqui a decepção. Excelentes e novos comentários com a ajuda do Friz a algumas partidas de Lasker, um ou outro lugar comum, aqui e ali "Chess Stars", correcções a um livro que irei citar mais à frente e se estavam à espera que Kasparov, explicasse ou penetrasse na essência do Jogo de Lasker, desencantem-se porque simplesmente não o faz. Apenas e só um punhado de partidas de Lasker (quase todas conhecidas) belissimamente comentadas e chega. Poucas páginas sobre Emnanuel e gostava de saber porquê! Fortes suspeitas que neste volume 1 (considerado o mais fraco da colecção) tirando as partidas, foi Dmitry Plisetsky, o autor de muito texto e infelizmente de alguns erros históricos incríveis denunciados por Winter ou Forster entre outros, para não falar das correcções "computadorizadas" feitas às análises de Kasparov pelo amador (?) Sorokin.
Portanto caros leitores, nada deslumbrado com o pouco Lasker de Kasparov, dos Meus Grandes Predecessores. Não foi uma desilusão, mas simplesmente o desânimo de continuar a ver o "meu" Lasker por explicar, ainda por cima, da parte de quem teria a obrigação de o fazer-Kasparov.



Uma Enciclopédia? Sim uma Enciclopédia! Para que todo o "xico-esperto" que escreve na Net sobre Xadrez não diga disparates, parvoíces e que mostre a sua ignorância mais alarve sobre a História do Xadrez! Para que um GM como Yermolinsky, levante o rabiosque e a consulte para não escrever no seu "The Road to Chess Improvement" a bestialidade de que Janowsky jogou dois matches com Lasker para o Campeonato do Mundo! É que o parolo acredita, quem sabe um bocadinho de xadrez, sabe que um GM apesar de o ser pode ser ignorante.
Depois, a Oxford é a melhor Enciclopédia de Xadrez do Mundo e tem sobre Lasker um belo resumo , curto mas sem asneiras! Esgotadíssimo este livro e quem ama o xadrez sabe porquê!


"GEMAS"



LASKER , O PENSADOR , de Boris Samoilovich VAINSHTEIN.

Um livro sensacional da célebre e excelente russa "Black Series". Kasparov, corrige aqui e ali akguns comentários ( variantes), mas Vainshtein tenta como ninguém até aí penetrar nos segredos do jogo de Lasker, fugindo das ideias feitas, dos lugares comuns, muitas vezes com uma argúcia e uma competência de análise formidável.
Admiram-se?
Vainshtein é o autor de um dos livros mais fascinantes e profundos do Século XX , uma autêntica preciosidade que passou despercebida: "DAVID BRONSTEIN : CHESS IMPROVISER". Que livro extraordinário ( a ele heio-de voltar noutro artigo) e que qualidade de escrita! Ao lê-lo percebi porque razão Bronstein, nunca tenha negado, chegando mesmo a assumir no fim da vida, que os comentários , os célebres comentários do "Zurich International Tournament 1953" eram de Vainshtein, sendo as analises da sua autoria! Aliás basta comparar a escrita dos dois livros para se perder muitas dúvidas!
Portanto, o Lasker do Vainshtein, o primeiro livro que me abriu as portas de um Lasker, até aí desconhecido. Porque razão este livro nunca teve uma tradução em Inglês, alemão ou espanhol? Mistérios insondáveis da edição xadrezistica! O lixo escaquístico vende mais! Existe sim uma versão em italiano da Prisma Editora " Lasker -Filosofia della Lotta", mas completamente esgotada.





Um Livro sobre a arte da defesa até hoje sem rival. Para já o autor Colin Crouch sem ser GM é um dos melhores autores de xadrez de há muitos anos para cá. O Seu "Hastings 1895-The Centenary Book" é um portento da recuperação de um dos maiores Torneios da História do Xadrez, o seu recente "The Great Attackers", que escreveu quase cego, é uma maravilha de livro com abordagens inovadoras e uma capacidade comunicar o motivo do livro como poucos. Este homem escreve sobre xadrez como raramente outros o fazem. Não é só a questão didáctica, é a cultura e profunda que Crouch tem do xadrez, o empenho o trabalho intenso, aliado à paixão que coloca no que escreve.
A Arte da Defesa é mais do que tudo uma análise de uma profundidade, de uma subtileza, de uma compreensão sobre Petrosian e Lasker, como raramente vi. As partidas que analisa e comenta de Lasker, a forma como tenta desvendar o pensamento defensivo do grande Emanuel, tornam este livro uma jóia.
Quando se acaba de ler e analisar o Lasker de Colin Crouch, nunca mais vemos Lasker da mesma forma, nunca mais Lasker se torma estranho. Tomamos quase uma familiaridade com o seu jogo. Um livro que para mim foi uma espécie de caixa de pandora sobre o jogo de Lasker. Na minha modesta opinião, "Obra-Prima" com certeza.




Soltis não sabe escrever maus livros de xadrez.Pelo contrário, muitas vezes o que escreve é tão brilhante que se torna intemporal e verdadeiras obras-primas da literatura xadrezistica. Basta dizer que o "Soviet Chess-1917-1991" da McFarland é um dos livros de xadrez do século XX!
O Lasker de Soltis é uma maravilha! Partidas pouco conhecidas, análise das partidas sobre efectivamente o que aconteceu no tabuleiro e não sobre "o que poderia ter acontecido se...", com análises onde são precisas e a preceito, mas sobretudo a explicação da força prática de Lasker, no seu jeito peculiar em situações difíceis em jogar para a "armadilha", o jogo deliberadamente confuso, em que a sua capacidade fenomenal de análise, de visão do tabuleiro lhe permitia o passe mágico de inverter a situação no tabuleiro. Soltis mostra essa técnica assombrosa de Lasker, a sua recusa da passividade e o dinamismo que imprimia às posições que mesmo parecendo inferiores lhe permitiam o contra-ataque inesperado, o contra-golpe adivinhado por ele, mas insuspeitado para o adversário. Lasker tinha um sentido posicional de uma profundidade ímpar, sabia ler o tabuleiro e tinha uma noção de dinâmica de luta, de prática, de sentido de "aqui e agora do que pede a posição", que o punham à frente, claramente à frente da sua época. Por isso, os seus contemporâneros tinham dificuldade em compreendê-lo, e apontavam-lhe "psicologismos" " gosto de posições quase perdidas", quando não uma espécie de bruxo do tabuleiro, ou um homem cheio de sorte.
O que Lasker era, era um jogador superlativo, um lutador, que partia para o tabuleiro cheio de ambição, de confiança em si, nos seus dotes extraordinários de concepção de jogo e visão táctica, para além de um domínio do final fabuloso. A cada situação de mudança nas 64 casas, este homem deixava esquemas mentais e adaptava-se de forma magistral às convulsões criadas, fosse através de uma espantosa capacidade de simplificação para um final, fosse através de uma grande ou "petit" combinação elegante que lhe trazia a vitória, fosse através de um férreo e lógico aproveitamento estratégico de debilidades estruturais na posição do seu adversário.
Um Campeão em toda a medida, em toda a linha!
Isto tudo, Soltis nos mostra, sem grande alarido, comentando 100 partidas de Lasker de tal forma que nos obriga a mergulhar de cabeça no segredo ( que afinal não existe!) do jogo de Lasker.
Um livro de companhia serena, segura e de alimento de paixão! Uma enormidade de livro.


LIVROS DE LASKER


Dizer o quê deste livro? Simplesmente um dos melhores de iniciação (?) ao Xadrez que já se escreveram. Tirando as linhas de abertura, tudo o resto é de um didactismo de uma capacidade de ensinança que tornam este livro imprescindível. Rio-me de no último Nacional por equipas em Gaia, na banca de livros do Lanier, o meu amigo Cadillon, quase meter este livro pelos olhos dentro de um seu amigo " o melhor livro de xadrez" que se escreveu para quem está nos inícios do xadrez. A pessoa lá comprou o Manual do Lasker!
Tenho pena, muita pena, que um treinador de miúdos iniciados no xadrez, ou mesmo aqueles que já entraram no campo competitivo, ou não conheça este livro, ou simplesmente não o aconselhe ou obrigue a ler aos seus pupilos! "malhas que o treino (?) de xadrez em Portugal vai tecendo"!


Ternura enorme por este livro, dos primeiros que li, depois do Xadrez Básico. As Conferências de Lasker, o Lasker Professor, Livro muito simples, mas bonito e didáctico. Lasker sabia ir ao essencial.



Comprado ao Lanier, no passado mês de Agosto. Tinha a versão antiga em anotação PK4, etc e a versão alemã. Esta versão é limpa e sem grande aparato, mas em notação descritiva.
É Lasker na sua forma típica de comentar partidas: minimalista, parco mas objectivo nos comentários. É um bom livro de Torneio, mas não o coloquem ao nível desses monumentos que são "Karlsbad 1907", "Teplitz Schonau 1922", "Karlsbad 1929", Zurique 53, etc.
Lasker, tal como Capablanca, nunca foi um grande comentador de partidas. A sua paixão era o jogo, a luta prática no tabuleiro. Quando essa paixão o consumia, quando extravasava para uma rotina, então Lasker partia para outros vôos, outras caminhadas de espírito, porque era um homem racional, prático, de uma cultura, de uma inteligência emocional como poucos. Lasker nunca foi vencido pelo Xadrez, venceu-o sempre, domou-o como cavalo amestrado. O Xadrez, uma parte significativa da sua vida, mas se calhar nem a mais significativa, nem aquela que lhe proporcionou as maiores alegrias interiores.
Um Campeão do Mundo único, ímpar.


Pronto caros leitores, o que tenho sobre Lasker, a minha paixão sobre Lasker.
Ah! Repito, isto são opiniões pessoais, gostos intestinos, por isso aberto a outras visões, outros gostos sobre Lasker.
É o que tenho e a mais não sou obrigado! Claro que vou aumentar a minha Laskeromania, com um bom velho-novo Lasker que apareça, porque isto de gosto por livros é como escanção de vinhos, com a diferença que não gosto de provar e deitar fora, gosto sim de os aconchegar bem ao alto na minha biblioteca.









LASKER...Finalmente


Finalmente!!


Encantado como menino com brinquedo novo. Já o afirmei neste blogue e repito: ao contrário de milhões de xadrezistas em todo o mundo, o meu ídolo de xadrez primacial, aquele que considero o maior jogador de todos os tempos e o Campeão do Mundo mais fascinante e ao mesmo tempo mais obscuro, estranho e ainda por estudar na sua plenitude, quer na sua concepção de jogo, quer no seu inclassificável estilo: Emanuel LASKER.


Este homem e este enorme jogador, nunca tinha até agora uma biografia à sua medida, uma colecção de partidas comentadas com a profundidade e dignidade merecidas e a razão desses lapsos está no próprio Lasker, na multiplicidade da sua vida, na sua enorme bagagem cultural, que nunca foi abundante nos Campeões do Mundo de Xadrez, na complexidade e estranheza do seu xadrez, que escondia uma profundidade visionária quase diria moderna, uma concepção muito actual do xadrez, uma capacidade de cálculo extraordinária, aliada a uma capacidade de luta prática no tabuleiro como poucos, muitas vezes isenta de concepções, de escolas, aceites na época.


Abandonava o xadrez prático quando queria, ou regressava quando entendia, mas absorvia como esponja as novas teorias, as novas ideias, estudava xadrez e o xadrez da sua época, analisava à lupa as partidas dos seus adversários no recanto do seu isolamento, sabia como ninguém, adaptar e adoptar o seu xadrez, quase anti – xadrez para o xadrez dos adversários que claramente muitas vezes não compreendiam o seu jogo, nem sequer como ferreamente Lasker conseguia impor a sua força no tabuleiro.


Uma técnica defensiva das mais perfeitas que algum dia se colocou num tabuleiro de xadrez, baseada sempre numa actividade latente, num contra-ataque sempre à espreita, numa espécie de “aranha” xadrezística que pacientemente tecia a teia onde o adversário muitas vezes se enredava. Uma capacidade de adaptação a situações novas e extremas surgidas no tabuleiro, muitas vezes por si provocadas, uma paciência de espera, muitas vezes concretizadas numa passagem para um final de jogo, onde Lasker foi praticamente inultrapassável (só Capa e Rubinstein com ele puderam rivalizar) aliada a uma capacidade de cálculo sintético notável tornaram este grande Campeão numa lenda.


Assim, não é de estranhar, o medo, o receio que foi tolhendo muitos autores de xadrez de se abalançarem numa análise do jogo de Lasker, do estilo de Lasker, das partidas de Lasker. Depois surgiu a “mitologia”, que surge normalmente na diferença, na estranheza, na não compreensão. O Lasker que propositadamente caía em situações difíceis no tabuleiro para confundir o seu adversário, o Lasker “jogador de Café”, o Lasker quase “hipnotizador”, e por aí fora.


Assim, Lasker o Campeão do Mundo mais maltratado pela literatura xadrezística quer em quantidade, quer em qualidade. E acredito hoje, como acreditava vai para anos, que tal facto se deve a esse temor que Lasker criava em quem procura estudar as suas partidas, em quem procurava uma lógica clara e cristalina Steinitziana nas suas partidas, uma tentativa de enquadramento hipermoderno noutras, quando Lasker, assimilando tudo isso, não era nada disso. Era LASKER, é o Grande LASKER.


Salvo erro em Janeiro de 2001, um grupo de apaixonados por Lasker resolveu criar a “ Emanuel Lasker Gesellschaft “, ou seja, a Sociedade Lasker de Berlim, com o objectivo de preservar todo o legado deste génio do xadrez. Começaram por recuperar a casa de Verão de Lasker em Thyrow e a partir de 2005, passaram a variadíssimas actividades desde conferências, passando pelo apoio à publicações de livros de e sobre Lasker. Esta Sociedade contra com nomes prestigiados do mundo do Xadrez, da História do Xadrez, e como não podia deixar de ser, com o nome daquele que no século XX, mais se aproximou pelo estilo de jogo e concepção do xadrez ( aliás, Lasker é também o seu ídolo do xadrez) , VIktor KORCHNOI.


Assim fiquei de esperanças, que desta instituição saísse algo que trouxesse Lasker ao mundo dos vivos, que repusesse este gigante no lugar que merece no mundo do Xadrez, principalmente ao nível da biografia, da iconografia, das partidas. Assim aconteceu para minha alegria: mais de 1000 páginas, um livro com 4 quilos, quase trinta colaboradores, mais de 100 Euros, o preço, em alemão (não se espera tradução) para minha tristeza e trabalho do Power Translator.


Mas vamos com calma. O que tenho sobre Lasker? Como fui alimentando o meu fascínio pelo Grande Emanuel?


06/11/09

INTERLUDI (C) O POÉTICO


Escrito vai para muitos anos noutro contexto.
Hoje em estado poético de má poesia e como o dia, chuvoso, amargo, cinzento. Não tiro uma vírgula. Fora do tom, da melodia do Xadrez Memória, mas hoje algo desmemoriado que não desmiolado.
Assim, caros leitores aí vai poesia da minha e da pior!Para quem quiser enfiar barretes, carapuças.

Na 1ª parte uma brincadeira com incursões minhas extractos adaptados de três grandes poetas portugueses que não digo, porque certamente adivinham. O resto é verdadeiramente meu e assumo! “ O xadrezinho português…Penso Eu de Que!” Digamos que é uma brincadeira séria, muito séria! Irritem-se, encarapucem, sorriam, enraiveçam! Saiu, está saído! Acreditem ou não, com certa ironia, ou com uma boa dose de vítrolo, é o que muitas vezes penso deste nosso xadrez. Amo o Xadrez e talvez por o amar tanto, consigo distanciar-me do Xadrez Português para o rever em toda a sua miséria, em toda a sua confrangedora debilidade estrutural e sobretudo Cultural!

Farto de alianças contra-natura no xadrez português, do estar ao lado de quem contra nós esteve, farto de ver amigos desavindos, de regulamentos estúpidos, da caminhada para uma morte anunciada.

Ó Cristo…Vem cá abaixo ver isto!
Mas…Isto o Quê?
Então , não Vês?
A Miséria do Xadrez Português!


O Xadrez Português a nú é horroroso!
O Xadrez Português cheira mal da boca!
O Xadrez Português é o escárnio da consciência!
Se o Xadrez Português é assim …
Eu prefiro jogar dominó!


Mas é assim tão mau?
Bem…
“ Neste país de monólogo, do fala-só, muito poucos
conversatam uns co’os outros,
e é sempre uma conversata
triste e chata,
um não-ter-que-dizer que não se esgota
senão em palavras pela boca fora”.


Pode lá ser!? Não será bem assim!


É …É!
No dize-tu-direi-eu
Muitos diziam que
Quer dizer é como quem diz
Que o mesmo é não dizer nada
Tenho dito


Mas dizes tão mal do xadrez português?
Dessa malta tão pura tão dedicada,
tão amante do xadrez português?


Eu? Cruzes! Ó Mestre! “ Les Portuguex…
não pensam noutra coisa
senão no arame, nos carcanhóis, na estilha,
nos pintores, nas aflitas,
no tojé, na grana, no tempero,
nos marcolinos, nas fanfas, no balúrdio
e …sont toujours gueux,
mas gosto deles porque só não querem apanhar as nozes…”



Mas…já começou a corrida, ou não?
Sim! “ Todavia o manguito será por muito tempo
O mais económico dos gestos!

(Pedido de empréstimo a três grandes poetas portugueses, com acrescentos meus)




O xadrezinho português…Penso Eu de Que!





O xadrezinho português!
Gosto do xadrezinho português!



Da figura, da figurinha, do figurão,
Do cágado, lebre e papão
Do tarado, parado, celerado, pato-bravo e cagão.



Do dirigente alado, montado, coroado,
Que de tanta ambição, à primeira dificuldade
Borra-se no chão… Estatelado.



O xadrezinho da… Quezília,
da guerrinha de bairro, de rua,
Da polémica anémica,
da procura imberbe
Da…” a minha é maior do que a tua!” .





Das federações, associações, e outras congregações
Que democraticamente nos governam,
amorosamente Por nós zelam…
Como bêbados aos tropeções.



Dos ditos conselhos fiscais, Jurisdicionais e
Outros que t (ais!),
Contem lá , para que servis,
que vos move Adoráveis serviçais?



O xadrezinho português



Dos dirigentinhos, dirigentecos, dirigentões,
Miminho, malandreco, sargentão,
Que de tanto fervor, eficácia, devoção
Mais parecem detergente sempre-à –mão!
Quem vos deu carta de condução?



O xadrezinho português



Dos planos de fomento, fumento, fumo, fumeiro,

Presunto serrano, salpicão de talha,
Que a mama vai dando pr’a quem calha.



Da mama, da maminha, do mamão
De todos aqueles,
Que de tanto se habituarem à teta
Acabaram com problemas de… Dentição.



Do crítico mordaz, catrapuz, catrapraz,
Aprendiz de Eça, Ramalho e Fialho,
A esconder a intelectual impotência a…
Pílulas de alho.



Do sacaninha encartado
em anjinho transformado
Pulha assumido, que de tão ridículo, se torna…
Bobo consentido.



Dos caluniadores de serviço,
difamadores crocodilórios
Que de tanto abanarem a cabeça, de tanto ir ser,
disseram-se, parece que…
Sai-lhes areia do toutiço.




Dos apocalípticos e desintegrados
Que de tanto apregoarem o “fim do mundo”
Quando ele chegar, vão ficar todos…
Cágados.



Da copofonia militante,
do orgulho da jogada de garrafa
do jibóiar olímpicamente em…
imensa ressaca.




Dos GM,MI,MF, mercedes benz, ferraris
e outros títulos sonantes de campeão,
sou do Povo, Confesso-vos uma coisa… néctar,
só… De garrafão.


O xadrezinho português



Do clube de tasca,
Clube pirata, Clube fantasma,
Aparecer, aparecem…
pr’a taça ou Massa!



Das antecipações, adiamentos,
faltas de comparência Demência,
falta de decência Excrescências,
minudências, dependências.



Dos regulamentos são pr’a jumentos,
Elasticidade, compreensão, amor e carinho, precisa-se.
Tanto regulamento, cansa!
Desculpe…a menina dança?
Regulamentos da fide, federação? Porque não os meus?!
Viva o xadrez português! Tudo a monte e fé em deus!



O xadrezinho português



Do jovem talento, portento,
momento…
Sonolento,
Menino intuição, ilusão
Menino adiado, menino mimado.
Hás-de ser titulado, vais longe, longe…
mas Velhinho na tua funcional repartição.




Do paizinho babado, empinado,
Com tal geniozinho rebento,
Que de tão cego, tão cego,
Não consegue distinguir …
Um nabozinho de um talento.




Do “piço”- “neca” que nada jogas,
Mas que no teu clube és o maior,
quando ele está vazio,
Que passas horas infindas a desfazer os pobres relógios de vez
Numa contabilidade livresca de rápidas, rapidinhas, rapidez…
Viva o xadrez tântrico! Abaixo os camarinhas do xadrez !



Dos treinadores, habilitados, desabilitados, cursados, encartados
Diplomados, sóis tão mal tratados!
Podeis não perceber nada de xadrez
Mas o desvelo e carinho demonstrado,
Não merecia o vosso xadrezístico olho
que dos treinados em vez de jogador.. Saísse repolho.




Dos árbitros , coitadinhos, tão compenetrados,
Horas e Horas a ler regulamentos,
Minutos a minutos os interpretais, Revoltem-se!
Do que vocês precisam é de…
Apitos e cacetes letais.




Dos da metáfora, metafórica, arredondada, escrita conteúdo oco, “ Menino Deus em metáfora doce” , cú empinado barroco,
De tanto vos ler, fico com fome imensa,
Procuro carne suculenta, sai-me…
O osso.




E tu, Arlindo Vieira, escriba e bloguer de Memória Xadrez
Porque não te pões no mercado?
Podia ser por sms, ou por cabo!
Para quê tanta miserável rima e verborreia?
O que pretendes com tanta camioneta de areia ?
O que te traz, tu que és daqueles que…
Nada faz?!
Poso confessar-te uma coisa?
Apenas e só porque quero desfazer-me ...
desta diarreia!