Para imprimir, analisar, deixar-se impressionar quer pela força inspirada do jogo de Muñoz, quer pela debilidade do jogo de Fischer ( muito raro). Aliás como a raridade das fotos! Se quiserem e desejarem, as impressões serão calorosamente acolhidas, seja sobre a partida, sobre o formato do blogue.
Fischer,Robert James - Muñoz,Cesar [B77]
Leipzig ol (Men) prel Leipzig (2), 18.10.1960 [Mednis, David Levy, Soloviev, Arlindo Vieira]
"Fischer foi um dos mais bem sucedidos domadores da Dragão de todos os tempos. Perdeu apenas uma partida contra esta abertura, esta, mas que partida! O não titulado equatoriano, foi claramente superior ao grande Bobby, nas complicações do meio-jogo. Psicologicamente, a derrota de Fischer pode ser explicada por duas razões: sobreavaliação da sua posição e subestimação do seu adversário..." ( Edmar Medinis- How To Beat Bobby Fischer)
1.e4 c5 2.Cf3 d6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cf6 5.Cc3 g6 6.Be3 Bg7 7.f3 0–0 8.Dd2 Cc6 9.Bc4 a6?!
Aqui está um exemplo como hoje se comentam partidas de xadrez em revistas ou sites Web! Claro que o lance de Muñoz desapareceu da moderna teoria a nível dos GM, substituído pelo 9...Bd7, e poderia aqui encher páginas e páginas de teoria de aberturas, de partidas e partidas exemplificativas do lance duvidoso a6, mas...para quê? Seria fastidioso, ridículo e sem qualquer substância xadrezistica, já que um interessado nesta variante pode ir a qualquer livro ou CD Rom, ou base de dados estudá-la! Como muito bem escreve Mednis " Na altura em que se jogou esta partida, esta variante ainda estava na sua infância, e o plano correcto para as negras ainda não estava dado como adquirido..."
10.Bb3 Da5 11.0–0–0 Bd7 12.Rb1 [12.h4! Tfc8 13.g4 Ce5 14.Bh6 Cc4 15.Bxc4 Txc4 16.Bxg7 Rxg7 17.h5‚ Mednis, Soloviev]
12...Tac8?! [12...Tfc8! "com a ideia lógica de:
a) O Rei tem uma casa de escape em f8;
b) As Negras podem responder a um Bh6, com um Bh8;
c) A Torre de a8, poderá ter de realizar alguma tarefa na coluna b " ( Mednis)]
13.g4?!
[13.h4! " agora sabe-se que que o ataque branco pode começar de forma mais eficiente com este lance, até porque em muitos casos este peão poderá ser sacrificado em h5" ( Mednis)]
13...Ce5 14.Bh6?!
Esta lance duvidoso, e poderia mesmo levar um ?, não o é em si e "per si", mas simplesmente porque é o início de um mau plano de jogo, isto é , o prelúdio de uma série de lances que se encadeam numa ideia de ataque ao Rei negro. Só que Fischer ou não se apercebeu da manobra de centralização da Dama negra ao lance 16, ou se dele teve consciência, não o avaliou correctamente. Aqui a minha concordância com Mednis: este lance prova que Fischer claramente sobrestimou a sua posição, e talvez, porque não admiti-lo substimou a força de de jogo de Muñoz! [14.h4! Cc4 15.Bxc4 Txc4 16.Cb3 De5 17.Bd4]
14...Cc4 15.Bxc4 Txc4 16.Cb3?!
Fischer, demasiado confiante, deixa escapar duas variantes que lhe poderiam proporcionar vantagem, ou pelo menos, a manutenção da iniciativa [16.Cd5!? Dxd2 17.Cxe7+ Rh8 18.Bxg7+ Rxg7 19.Txd2 Te8 20.Cd5 Cxd5 21.exd5 Te5 22.b3 Tc8 23.c4± (Soloviev) 23...h5 24.h3 b5 25.Tc1 bxc4 26.bxc4 Te3 com vantagem branca;
16.Bxg7! parece ter passado despercebido a todos os comentadores desta partida! 16...Rxg7 17.g5 Ch5 18.e5 Te8 19.The1±]
16...De5!
"As negras têm muito bom jogo", escreveu David Levy , o que não será tão certo assim! Mednis mais certeiro, escreve que " devido a complicações tácticas , a Dama negra está segura em e5". Claro que poderíamos argumentar que este lance embora não sendo único, é aquele que na prática pode manter as negras em jogo, tal como se mostra na variante abaixo, com a retirada da Dama para d8. Todavia, e isto prova, que Muñoz era um excelente Jogador, não acredito que não tenha calculado as implicações da centralização da Dama, com variantes concretas. Aqui teria sido precioso ter os tempos anotados da partida, para verificar o tempo de reflexão do equatoriano.
Teria este lance de centralização da Dama impressionado de tal forma Fischer, que este em futuras partidas, realizaria a mesma manobra? Bent Larsen acha que sim, Elie Agur, sem ser tão radical, apresenta no seu livros exemplos curiosos de De5 em jogos do grande campeão americano. [16...Dd8 17.Bxg7 Rxg7 18.e5 Ce8 19.h4±]
17.h4 "o seguimento lógico do ataque" escreveu Mednis. Concordo. Fisher claramente pensou a sua posição como superior e que o avanço do peão h traria o inevitável " abertura da coluna h e sac., sac...mate!
Claro que à capacidade analítica do jovem génio americano não deveriam ter escapado alguns golpes tácticos interessantes que apresentarei nas variantes a) e b).
O que me surpreende é que sendo Fischer conhecido pela clareza do seu jogo posicional, pelo gosto das posições claras e simples que permitiam a crescente solidificação da vantagem até ao ataque, ou destruição da defesa do adversário, repito, surpreende-me que não tenha visto, ou pelo menos posto de lado variantes que lhe poderiam trazer vantagem clara.
A ideia que Fischer teria da própria fraqueza da variante Dragão perante a variante Yugoslava, o acreditar piamente que o ataque correria por si, até porque o seu adversário era um não tiitulado e o facto de Fischer não ser ainda o Fischer que explodirá em pleno na sua genialidade a partir de 61, tudo isto pode explicar o lance, ou se quiserem a sucessão de lances que se incia com o lance 14. Bh6?! e a persistência num plano completamente equivocado.
Então o que poderia ter sido jogado aqui? Bem primeiro uma variante que todos os comentadores se limitaram a indicar, sem uma ou outra curiosidade, depois uma outra, também de valor duvidoso, mas novamente com outra subvariante curiosa que não é referida em nenhum livro.
A) 17.Bf4 De6 18.Cd4? Para quê e porquê? Haveria algum problema em jogar 18.De3, ou 18.Df2 ? 18...Cxe4! 19.Cxe6 Cxd2+ 20.Bxd2 fxe6 (20...Bxe6 21.Ce2 Tfc8 22.Bc3 T4c5 23.The1 Bd5 24.Bxg7 Rxg7 25.Td3 Bc4 26.Tdd1 b6 27.a3 e apesar da vantagem negra a posição branca joga-se) 21.Thf1 Bc6 22.f4 Tc8 Vantagem negra
B) 17.f4 Bxh6! (17...De6?! 18.f5? Porquê? (18.Bxg7! Rxg7 19.e5 Ce4 20.Cxe4 Txe4 21.exd6 exd6 22.f5 De5 23.Dxd6 Bc8 ligeira vantagem branca) 18...De5 19.Bf4 Dxc3 20.bxc3 Cxe4 21.De3 Cxc3+ 22.Rc1 Txf4 23.Dxe7 Cxa2+ 24.Rb1 Cc3+ 25.Rc1 Cxd1 26.Dxd7 Ce3: Soloviev, termina esta análise no lance 20, dando jogo confuso. Um bocadinho de Frtiz e a vantagem negra é clara!) 18.fxe5 Bxd2 19.Cxd2 Txc3 20.bxc3 Cxg4 21.exd6 Cf2 22.Cb3 Cxd1 23.Txd1 exd6 24.Txd6 Bc6 com ligeira vantagem negra
C) 17.Be3!? Jogada interessante de reconhecimento do impasse do ataque branco e que recoloca o bispo na possibilidade de "incomodar" a Dama negra
D) Esta variante é espantosa e deixa-me completamente abismado que não tenha sido considerada por Fischer, ou mesmo por qualquer comentador da partida. Vai para anos no meu livro de Mednis, a lápis, tinha escrito porque não " trocar os bispos , expulsar o cavalo negro do controlo da casa d5 e tentar jogar nessa casa com excelente domínio central do cavalo branco de c3?"
Bastou colocar a posição, e imediatamente o Fritz 11 dá esta variante como a principal e sempre vantajosa para as brancas.Porque razão os comentadores, Mednis, Soloviev, Wade e O'Connell, nem a mencionem, mas se aprestem todos a referir os fogos de artíficio da variante A, ou B?
Simples, ou talvez não. Nesta variante da Dragão, são, eram aos milhares as partidas que decorriam sob o signo do ataque ao Rei negro nos moldes clássicos, abertura da coluna h, ataque violento ao Rei com mate ao fuga deste pelo tabuleiro até à capitulação, por isso seria pouco cordato procurar uma vitória por meios posicionais numa variante de ataque puro! Por isso, por influência de um conhecimento ainda pouco aprofundado dos meandros da Dragão, muitos comentadores nem se preocupavam em verificar variantes que não passassem por jogar os peões g e h. Aqui talvez tenha a dizer que conhecedor de livros soviéticos e das suas excelentes análises, este tipo de subtilezas não costumavam escapar na análise de partidas.
Assim o plano de ocupação da casa d5, e as ideias escrevi acima, são aquelas que surgiriam no tabuleiro a um jogador "amador" na casa dos 1700–2000 (por exemplo), ou mesmo numa hipotética explicação de um treinador a um míudo que tivesse esta posição perante si. Vejamos então, sem pretensões de verdade absoluta, mas com lances "quase forçados":
17.Bxg7 Rxg7 18.g5 Ch5 19.Cd5 Te8 que melhor poderão jogar as negras? 20.The1 Rh8 21.f4 Dg7 22.f5! (22.e5!?) e as Brancas dominam claramente.
Claro que poderia pôr Rybka ou outro módulo a trabalhar horas nesta posição depois de 19.Cd5, poderia aumentar os ramos de variantes, e talvez até modificar para vantagem ligeira a vantagem Branca, de qualquer forma, é surpreendente que esta variante, sendo simples, de lances naturais, ofereça pelo menos um jogo muito mais claro e pressionante ao jogador das peças Brancas!)
17...Tfc8 18.Bf4?
Surpresa neste "descalabro" posicional de Bobby. Parece que o jogador Norte-americano perdeu nitidamente o "feeling" da posição e, pior ainda, o sentido de perigo. [18.Bxg7! Rxg7 19.h5 g5 20.h6+ Rh8 21.Cd4 com posição jogável e até de certa complexidade, com chances para ambos os lados.]
18...De6 19.h5 [19.Cd4? Cxe4!]
19...b5! 20.hxg6 fxg6 21.Bh6?!
eram bem melhores: [21.e5 dxe5 22.Bh6; 21.a3]
21...Bh8 22.e5?
escreve Mednis: " Este lance de café, é o factor definitivo da derrota das brancas. Fischer nem se deveria ter preocupado em analisar a resposta negra, por isso deveria ter equacionado os lances já citados 22. Tc1, ou 22.Th2.
Esperia Fischer que um jogador como Muñoz não visse o óbvio, ou seja duas armadilhas de um lance?
22...b4!
[22...dxe5?? 23.g5+-; 22...Dxe5 23.The1‚]
23.exf6
[23.Ce2 Dxe5 Esta era a melhor possiblidade para Bobby, apesar da vantagem negra. O lance do texto foi "suícida" escreveu Mednis]
23...bxc3 24.Dh2 Dxf6! As Brancas não têm absolutamente nada no flanco de Rei, enquanto o seu flanco de Dama está em "frangalhos", O jogo negro joga-se "sózinho" - um situação raríssima contra Bobby! " , escreveu e bem Edmar Mednis.
25.Bg5 Df7 26.De2 cxb2 27.Dxe7 Dxe7 28.Bxe7 Txc2 29.Txd6 Ba4 30.Bg5 Tf2! 31.Be3
[31.Txa6 Bc6!]
31...Txf3 32.Bd4 Bxb3 33.axb3 Bxd4 34.Txd4 Txb3 35.Td2 Tcb8 36.Td7 Ta3 0:1
poderia seguir-se :
37.Rc2 Ta2 38.Tb1 a5 39.Td2 a4 40.Rc3 a3 41.Tdd1 h5 42.gxh5 gxh5 43.Th1 Tb5 44.Rc2 Rf7
"Fischer foi um dos mais bem sucedidos domadores da Dragão de todos os tempos. Perdeu apenas uma partida contra esta abertura, esta, mas que partida! O não titulado equatoriano, foi claramente superior ao grande Bobby, nas complicações do meio-jogo. Psicologicamente, a derrota de Fischer pode ser explicada por duas razões: sobreavaliação da sua posição e subestimação do seu adversário..." ( Edmar Medinis- How To Beat Bobby Fischer)
1.e4 c5 2.Cf3 d6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cf6 5.Cc3 g6 6.Be3 Bg7 7.f3 0–0 8.Dd2 Cc6 9.Bc4 a6?!
Aqui está um exemplo como hoje se comentam partidas de xadrez em revistas ou sites Web! Claro que o lance de Muñoz desapareceu da moderna teoria a nível dos GM, substituído pelo 9...Bd7, e poderia aqui encher páginas e páginas de teoria de aberturas, de partidas e partidas exemplificativas do lance duvidoso a6, mas...para quê? Seria fastidioso, ridículo e sem qualquer substância xadrezistica, já que um interessado nesta variante pode ir a qualquer livro ou CD Rom, ou base de dados estudá-la! Como muito bem escreve Mednis " Na altura em que se jogou esta partida, esta variante ainda estava na sua infância, e o plano correcto para as negras ainda não estava dado como adquirido..."
10.Bb3 Da5 11.0–0–0 Bd7 12.Rb1 [12.h4! Tfc8 13.g4 Ce5 14.Bh6 Cc4 15.Bxc4 Txc4 16.Bxg7 Rxg7 17.h5‚ Mednis, Soloviev]
12...Tac8?! [12...Tfc8! "com a ideia lógica de:
a) O Rei tem uma casa de escape em f8;
b) As Negras podem responder a um Bh6, com um Bh8;
c) A Torre de a8, poderá ter de realizar alguma tarefa na coluna b " ( Mednis)]
13.g4?!
[13.h4! " agora sabe-se que que o ataque branco pode começar de forma mais eficiente com este lance, até porque em muitos casos este peão poderá ser sacrificado em h5" ( Mednis)]
13...Ce5 14.Bh6?!
Esta lance duvidoso, e poderia mesmo levar um ?, não o é em si e "per si", mas simplesmente porque é o início de um mau plano de jogo, isto é , o prelúdio de uma série de lances que se encadeam numa ideia de ataque ao Rei negro. Só que Fischer ou não se apercebeu da manobra de centralização da Dama negra ao lance 16, ou se dele teve consciência, não o avaliou correctamente. Aqui a minha concordância com Mednis: este lance prova que Fischer claramente sobrestimou a sua posição, e talvez, porque não admiti-lo substimou a força de de jogo de Muñoz! [14.h4! Cc4 15.Bxc4 Txc4 16.Cb3 De5 17.Bd4]
14...Cc4 15.Bxc4 Txc4 16.Cb3?!
Fischer, demasiado confiante, deixa escapar duas variantes que lhe poderiam proporcionar vantagem, ou pelo menos, a manutenção da iniciativa [16.Cd5!? Dxd2 17.Cxe7+ Rh8 18.Bxg7+ Rxg7 19.Txd2 Te8 20.Cd5 Cxd5 21.exd5 Te5 22.b3 Tc8 23.c4± (Soloviev) 23...h5 24.h3 b5 25.Tc1 bxc4 26.bxc4 Te3 com vantagem branca;
16.Bxg7! parece ter passado despercebido a todos os comentadores desta partida! 16...Rxg7 17.g5 Ch5 18.e5 Te8 19.The1±]
16...De5!
"As negras têm muito bom jogo", escreveu David Levy , o que não será tão certo assim! Mednis mais certeiro, escreve que " devido a complicações tácticas , a Dama negra está segura em e5". Claro que poderíamos argumentar que este lance embora não sendo único, é aquele que na prática pode manter as negras em jogo, tal como se mostra na variante abaixo, com a retirada da Dama para d8. Todavia, e isto prova, que Muñoz era um excelente Jogador, não acredito que não tenha calculado as implicações da centralização da Dama, com variantes concretas. Aqui teria sido precioso ter os tempos anotados da partida, para verificar o tempo de reflexão do equatoriano.
Teria este lance de centralização da Dama impressionado de tal forma Fischer, que este em futuras partidas, realizaria a mesma manobra? Bent Larsen acha que sim, Elie Agur, sem ser tão radical, apresenta no seu livros exemplos curiosos de De5 em jogos do grande campeão americano. [16...Dd8 17.Bxg7 Rxg7 18.e5 Ce8 19.h4±]
17.h4 "o seguimento lógico do ataque" escreveu Mednis. Concordo. Fisher claramente pensou a sua posição como superior e que o avanço do peão h traria o inevitável " abertura da coluna h e sac., sac...mate!
Claro que à capacidade analítica do jovem génio americano não deveriam ter escapado alguns golpes tácticos interessantes que apresentarei nas variantes a) e b).
O que me surpreende é que sendo Fischer conhecido pela clareza do seu jogo posicional, pelo gosto das posições claras e simples que permitiam a crescente solidificação da vantagem até ao ataque, ou destruição da defesa do adversário, repito, surpreende-me que não tenha visto, ou pelo menos posto de lado variantes que lhe poderiam trazer vantagem clara.
A ideia que Fischer teria da própria fraqueza da variante Dragão perante a variante Yugoslava, o acreditar piamente que o ataque correria por si, até porque o seu adversário era um não tiitulado e o facto de Fischer não ser ainda o Fischer que explodirá em pleno na sua genialidade a partir de 61, tudo isto pode explicar o lance, ou se quiserem a sucessão de lances que se incia com o lance 14. Bh6?! e a persistência num plano completamente equivocado.
Então o que poderia ter sido jogado aqui? Bem primeiro uma variante que todos os comentadores se limitaram a indicar, sem uma ou outra curiosidade, depois uma outra, também de valor duvidoso, mas novamente com outra subvariante curiosa que não é referida em nenhum livro.
A) 17.Bf4 De6 18.Cd4? Para quê e porquê? Haveria algum problema em jogar 18.De3, ou 18.Df2 ? 18...Cxe4! 19.Cxe6 Cxd2+ 20.Bxd2 fxe6 (20...Bxe6 21.Ce2 Tfc8 22.Bc3 T4c5 23.The1 Bd5 24.Bxg7 Rxg7 25.Td3 Bc4 26.Tdd1 b6 27.a3 e apesar da vantagem negra a posição branca joga-se) 21.Thf1 Bc6 22.f4 Tc8 Vantagem negra
B) 17.f4 Bxh6! (17...De6?! 18.f5? Porquê? (18.Bxg7! Rxg7 19.e5 Ce4 20.Cxe4 Txe4 21.exd6 exd6 22.f5 De5 23.Dxd6 Bc8 ligeira vantagem branca) 18...De5 19.Bf4 Dxc3 20.bxc3 Cxe4 21.De3 Cxc3+ 22.Rc1 Txf4 23.Dxe7 Cxa2+ 24.Rb1 Cc3+ 25.Rc1 Cxd1 26.Dxd7 Ce3: Soloviev, termina esta análise no lance 20, dando jogo confuso. Um bocadinho de Frtiz e a vantagem negra é clara!) 18.fxe5 Bxd2 19.Cxd2 Txc3 20.bxc3 Cxg4 21.exd6 Cf2 22.Cb3 Cxd1 23.Txd1 exd6 24.Txd6 Bc6 com ligeira vantagem negra
C) 17.Be3!? Jogada interessante de reconhecimento do impasse do ataque branco e que recoloca o bispo na possibilidade de "incomodar" a Dama negra
D) Esta variante é espantosa e deixa-me completamente abismado que não tenha sido considerada por Fischer, ou mesmo por qualquer comentador da partida. Vai para anos no meu livro de Mednis, a lápis, tinha escrito porque não " trocar os bispos , expulsar o cavalo negro do controlo da casa d5 e tentar jogar nessa casa com excelente domínio central do cavalo branco de c3?"
Bastou colocar a posição, e imediatamente o Fritz 11 dá esta variante como a principal e sempre vantajosa para as brancas.Porque razão os comentadores, Mednis, Soloviev, Wade e O'Connell, nem a mencionem, mas se aprestem todos a referir os fogos de artíficio da variante A, ou B?
Simples, ou talvez não. Nesta variante da Dragão, são, eram aos milhares as partidas que decorriam sob o signo do ataque ao Rei negro nos moldes clássicos, abertura da coluna h, ataque violento ao Rei com mate ao fuga deste pelo tabuleiro até à capitulação, por isso seria pouco cordato procurar uma vitória por meios posicionais numa variante de ataque puro! Por isso, por influência de um conhecimento ainda pouco aprofundado dos meandros da Dragão, muitos comentadores nem se preocupavam em verificar variantes que não passassem por jogar os peões g e h. Aqui talvez tenha a dizer que conhecedor de livros soviéticos e das suas excelentes análises, este tipo de subtilezas não costumavam escapar na análise de partidas.
Assim o plano de ocupação da casa d5, e as ideias escrevi acima, são aquelas que surgiriam no tabuleiro a um jogador "amador" na casa dos 1700–2000 (por exemplo), ou mesmo numa hipotética explicação de um treinador a um míudo que tivesse esta posição perante si. Vejamos então, sem pretensões de verdade absoluta, mas com lances "quase forçados":
17.Bxg7 Rxg7 18.g5 Ch5 19.Cd5 Te8 que melhor poderão jogar as negras? 20.The1 Rh8 21.f4 Dg7 22.f5! (22.e5!?) e as Brancas dominam claramente.
Claro que poderia pôr Rybka ou outro módulo a trabalhar horas nesta posição depois de 19.Cd5, poderia aumentar os ramos de variantes, e talvez até modificar para vantagem ligeira a vantagem Branca, de qualquer forma, é surpreendente que esta variante, sendo simples, de lances naturais, ofereça pelo menos um jogo muito mais claro e pressionante ao jogador das peças Brancas!)
17...Tfc8 18.Bf4?
Surpresa neste "descalabro" posicional de Bobby. Parece que o jogador Norte-americano perdeu nitidamente o "feeling" da posição e, pior ainda, o sentido de perigo. [18.Bxg7! Rxg7 19.h5 g5 20.h6+ Rh8 21.Cd4 com posição jogável e até de certa complexidade, com chances para ambos os lados.]
18...De6 19.h5 [19.Cd4? Cxe4!]
19...b5! 20.hxg6 fxg6 21.Bh6?!
eram bem melhores: [21.e5 dxe5 22.Bh6; 21.a3]
21...Bh8 22.e5?
escreve Mednis: " Este lance de café, é o factor definitivo da derrota das brancas. Fischer nem se deveria ter preocupado em analisar a resposta negra, por isso deveria ter equacionado os lances já citados 22. Tc1, ou 22.Th2.
Esperia Fischer que um jogador como Muñoz não visse o óbvio, ou seja duas armadilhas de um lance?
22...b4!
[22...dxe5?? 23.g5+-; 22...Dxe5 23.The1‚]
23.exf6
[23.Ce2 Dxe5 Esta era a melhor possiblidade para Bobby, apesar da vantagem negra. O lance do texto foi "suícida" escreveu Mednis]
23...bxc3 24.Dh2 Dxf6! As Brancas não têm absolutamente nada no flanco de Rei, enquanto o seu flanco de Dama está em "frangalhos", O jogo negro joga-se "sózinho" - um situação raríssima contra Bobby! " , escreveu e bem Edmar Mednis.
25.Bg5 Df7 26.De2 cxb2 27.Dxe7 Dxe7 28.Bxe7 Txc2 29.Txd6 Ba4 30.Bg5 Tf2! 31.Be3
[31.Txa6 Bc6!]
31...Txf3 32.Bd4 Bxb3 33.axb3 Bxd4 34.Txd4 Txb3 35.Td2 Tcb8 36.Td7 Ta3 0:1
poderia seguir-se :
37.Rc2 Ta2 38.Tb1 a5 39.Td2 a4 40.Rc3 a3 41.Tdd1 h5 42.gxh5 gxh5 43.Th1 Tb5 44.Rc2 Rf7
Muito bom o tabuleiro 3D. Uma nova forma de apresentar as partidas. Sempre em grande !
ResponderEliminar"Para imprimir, analisar, deixar-se impressionar quer pela força inspirada do jogo de Muñoz, quer pela debilidade do jogo de Fischer ( muito raro). Aliás como a raridade das fotos! "
ResponderEliminarArlindo, podes crer que o vou fazer...
Repararam na 1ª foto? O jogo já vai a meio (existem peças tomadas) mas existem dois assistentes em cima do tabuleiro...pouco comum nos dias de hoje, ao nível de uma Olímpiada ou similar...bom, também é verdade que na altura não existiam ecrans de plasma nem internet ;-)
António Castanheira
Amigo Castanheira: Um dia estive para ir ver um Nacional de Jovens a Aveiro. Depois... depois disseram-me que se fosse tinha de assistir aos jogos dos miúdos da "Bancada"! Como? Sim, era proibido estar perto da miudagem, porque pais imberbes, "treinadores" atrasados mentais, comunicavam com os miúdos, davam-lhes conselhos sobre as partidas a decorrer, faziam sinais de cabeça, gestos, para avisar, aprovar, ou renegar os lances dos Jovens!
ResponderEliminarXadrez de bancada, caro Castanheira ! Se me pagasse ao menos uns binóculos!
Manda-se para a bancada que gosta do xadrez, quando para a bancada, deveriam ser mandados pela expulsão, esses Pais falhados que projectam o seu falhanço no sucesso dos filhos, nem que seja pela esperteza saloia, a idiotia, a ignorância larvar do Xadrez, esses treinadores, que tiraram o curso por correspondência, ou umas horinhas a contragosto com monitores que ainda sabem menos, ou que nem as mais elementares regras de boa-educação e correcção xadrezística instilam nos miúdos, esses árbitros que vêem , mas fazem que não vêem, ou vêem para quem querem, que se escudam na idade dos miúdos para uma pedagogia, da qual eles nem percebem o que é a pedagogia.
Para quando "cabines" individuais? Querem tornar o xadrez um jogo asséptico, sem a emoção humana, sem a respiração, o roer das unhas dos espectadores?
Pois, Castanheira, Xadrez de Bancada, qualquer dia "Xadrez de Sanita" (parece que já há quem o pratique com os "pockets") e por aí fora!
Bem...Vou regressar ao Xadrez em cima, com tabaco, hálito nervoso, transpiração de luta!
Abraço!
Bem, o blogue já lá vai à frente e eu só agora acabei de ver este jogo de há quase 50 anos...
ResponderEliminarFoi precisamente porque nunca encontrei uma casa útil para pôr a dama negra depois do ataque Cb3 das brancas que deixei de jogar a Dragão, vai para uns 17 anos...
(A razão secundária é o lance de consolidação Cde2 em algumas variantes, para o qual nunca arranjei antídoto).
Afinal, mal sabia eu que um jovem jogador equatoriano já muito antes tinha tido o mesmo problema e resolveu-o colocando a dama num local, de facto, "impensável", De5...e logo contra Fischer!...
Depois, estarei a ver mal com certeza mas, porque não o temático 14.Cd5 em vez de 14.Bh6 ?
Somente mais umas contribuições:
- Na "tua" variante "D", em vez de "expulsar o cabalo negro de d5" deverá ser "expulsar o cavalo negro do CONTROLO de d5"
- Na frase "Surpresa neste descalabro posicional de Bobby. Parece que o jogador americano perdeu nitidamente o feeling", deveria ser "Surpresa neste descalabro posicional de Bobby. Parece que o jogador NORTE americano perdeu nitidamente o feeling" ;-)
- O final é mais simples: 37.Rc2, Ta1 33.Tdd1, b8=D+, etc
Quanto ao xadrez de bancada, nunca! Xadrez em cadeiras de tecido, com tabuleiros em madeira, com ar condicionado e com os reis e rainhas completos! Até com bispos e tudo, mesmo que a religião deixe de existir um dia no mundo!
António Castanheira
Castanheira,correcções feitas, obrigado. Como correcção ao raio do "cabalo espanõl" ! Cansaço! Só discordância quando afirmas a maior rapidez da vitória na última variante : 37.Rc2 - Ta1 33.Thb1! (em vez do teu 33.Tdd1)e embora a vantagem negra seja decisiva, certamente demorava mais a vitória.
ResponderEliminarSabes, continuo abismado que ninguém tivesse visto e comentado o Bxg7 seguido de g5 que é um plano tão lógico e "amador" que cegou os comentadores! A tal ideia que o ataque Yugoslavo contra a Dragão tem sempre de levar ao mate e sempre pelos meandros conhecidos!
Abraço forte.