Um lado do xadrez muito pouco conhecido. A Resistência na adversidade, a Terapêutica na dor ou agústia (talvez no futuro escreva mais sobre este assunto - só eu sei como o xadrez, o lado evasivo e terapêutico do xadrez me ajudou em determinada fase da minha vida).
Conhecia-os desse formidável documentário da Susana de Sousa Dias "48" sobre a PIDE e os seus métodos de atuação ( inacreditavelmente ou não, e a meu conhecimento, o único sério e a sério sobre a polícia política do Estado Novo-inacreditável este meu pobre Portugal do esquecimento!), sabia-os companheiros de luta e de vida, por isso não me surpreendi com os seus depoimentos na Revista do Público do dia 6 de Abril. O que desconhecia era as referências ao Xadrez de Domingos Abrantes. Leiam. Quem seria o campeão húngaro? Portisch? Bilek, Barcza, Csom, Adórjan, Sax?
Domingos
Abrantes e Conceição Matos Entrevista Público-Revista 6 Abril 2014
Também
ocupava o tempo jogando xadrez. Era um exercício de inteligência ou um
entretém?
DOMINGOS
— Eu era um grande apaixonado pelo xadrez. Aprendi a jogar em Caxias. Deixei de
jogar xadrez porque perdia muito tempo. O meu futuro não era jogar xadrez. Um
dia fui à Hungria passar férias.
CONCEIÇÃO — Fomos.
DOMINGOS — Apareceu no hotel o campeão da Hungria a fazer umas simultâneas. E
eu ganhei!
CONCEIÇÃO — Não digas isso na entrevista.
DOMINGOS — Foi uma bomba. O campeão mandou-me uns emissários, queria a
desforra. Nunca mais me largaram. [gargalhada] Lá se foi a glória! Nunca mais
lhe ganhei.
Quais
são as características que o xadrez exige?
DOMINGOS
— Ponderação, sobretudo.