XADREZ MEMÓRIA

Xadrez de memórias, histórias e (es)tórias, de canteiro, de sussurro, de muito poucos...

08/05/09

FISCHER...Dura tarefa a da aprendizagem



AFINAL, O QUE É UM GRANDE CAMPEÃO de XADREZ?

Sem procurar grandes definições e cingindo-me ao que interessa: Um grande campeão é aquele que apesar da sua genialidade nas 64 casas, aprende sempre com as derrotas. Teria Fischer aprendido com Muñoz ?

Questão curiosa. Teria a manobra de centralização da Dama do jogador equatoriano, “marcado” Fischer, e determinada concepção posicional no que diz respeito à manobra da Dama branca, mesmo que em determinadas situações ela não fosse a mais aconselhada? Para além da fabulosa memória dos grandes Campeões mundiais, existirá quase uma exorcização psicanalítica de determinadas derrotas que os leva a adoptar ideias com as quais foram derrotados? Descansem que não vou fazer “mestrado” ou “doutoramento” sobre isso!

Vou-me servir desse fabuloso “vademecum” (apesar do “meco” do Hübner) livro-jóia sobre o xadrez de Bobby que é o livro de Elie Agur “Bobby Fischer: His Approach To CHess” ou versão “french” “Bobby Fischer: une étude de son approche des échecs “ – Ver minha bibliografia comentada.

Bent Larsen- Bobby Fischer , Denver (match)2ª, 1971

Depois de 17.b4 , Fischer jogou 17...De5.

Larsen comentando esta partida em “Chess Canada”, Setembro 197
1, escreveu: “Lance arriscado, mas o único bom na posição. Fischer tem relações muito especiais com esta manobra Da5-e5. Valeu-lhe graves problemas na sua partida com Naranja no Interzonal. Talvez ela tenha a ver com a partida que perdeu em 1960 com Muñoz na Olímpíada de Leipzig, onde o jogador equatoriano o surpreendeu com a mesma manobra “

A partida prosseguiu:

18.Tae1 Bc6 19. Bf4 Ce4 20. Ce4 De4 21. Bd3 Dd4+ e a Dama está fora de perigo.

Escreve Agur : Sem querer entrar em profundas explicações p
sicológicas do mesmo estilo das que propõe Larsen, digamos que esta partida contra o jogador equatoriano Muñoz foi a primeira da carreira xadrezista de Fischer onde esta manobra apareceu. Foi das partidas mais dramáticas que o jogador americano perdeu.

Renato Naranja-Bobby Fischer, Palma Maiorca,1970

Voltemos agora á partida Renato Naranja-Fischer, Palma 1970, a que Larsen se refere no artigo de Chess Canada, ainda com os comentários de Elie Agur:

“ O jogador filipino acaba de jogar 13.b4 e Fischer “joga 13...Df5, convidando o lance 14.e4 , a que Naranja não se fez rogado. Fischer não viu que as Brancas não precisam de jogar o errado 15.Bb2, que seria respondido com 15...g5!, mas sim com o lance forte e lógico que foi jogado 15. Tb3! Agora as negras têm que fazer frente a uma ameaça muito desagradável 16.f4 capturando a Dama negra centralizada, por isso Fischer teve que se resignar a 15....Bd7 16.f4 De6 17. f5! gf5 18. ef5 Df5 e Naranja deixou escapar 19.Cd5! que lhe daria vantagem clara.”

3º exemplo

Svetozar Gligoric-Bobby Fischer , Palma de Maiorca,1970


Agora com Gligoric, no mesmo torneio de Palma de Maiorca, 1970

“.Estamos na penúltima jornada..Fischer jogou 17...De5 18.Rh1 Dd4, assumindo riscos que certamente a posição não justificava. Depois de 19.f
3 Ch5 20. Cb5? ab5 21.Bb5 De5!

Simplesmente 20.Cd1! forçaria as negras a abandonar todo o seu plano de manter a Dama em e5, ficando as brancas com posição superior” Agur

Algumas imagens:


Gligoric, numa foto muito rara, que salvo erro nunca apareceu em revistas. Onde a arranjei e onde foi tirada? Dão-se alvíssaras! Uma ajuda: no mesmo sítio da do João Cordovil que coloquei uns posts atrás.




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