XADREZ MEMÓRIA

Xadrez de memórias, histórias e (es)tórias, de canteiro, de sussurro, de muito poucos...

14/11/12

PLÁSTICO NACIONAL ...PEÇAS




Um artigo escrito em 2002. Cáustico, mas com algum humor. Sobre Peças de Xadrez, sobre Plástico no Xadrez Nacional. Hoje, tudo mais matizado e refletido.

A- Percebo o contexto em que as alguns peças foram realizados, principalmente o 1º modelo - nos idos finais dos anos 70 e princípios do anos 80, a enorme massificação e a necessidade de milhares e milhares de jogos e tabuleiros, bem como o preço elevado que era pedido por um molde original por onde eram realizadas as peças.

B- Hoje com outra atenção e porque também coleciono jogos de Xadrez Stauton de plástico, consigo descortinar alguma beleza ( as fotos provam-no) em algumas peças, o seu recorte, a junção moldada, a robustez, a quase indestrutibilidade de um um ou outro modelo, a quase aproximação a modelos clássicos de madeira como o modelo Lardy francês ou Pré-Lardy.Apenas e só o tamanho rídiculo que sempre caraterizou os jogos de peças plásticas usadas em Portugal me continua a intrigar...é que podíamos ao menos ser grandes nas peças de xadrez!

C- No meu GX Porto um ou dois anos depois de escrever este artigo, e, ainda antes de ser dirigente, consegui de forma que não interessa referir, acabar de vez com o plástico naquelas mesas. Depois, eu e o Rogério, encarregamo-nos de trazer dignidade na modernidade-antiguidade do G. X. Porto quer nos tabuleiros, quer nas peças.

D- Nesta luta da dignidade do material de Xadrez muito fez a Luso Xadrez,  o António Russo, o Dinis Furtado, o pessoal da Casa do Xadrez, embora outros clubes e depois a própria FPX, a A X Porto mostrassem alguma preocupação com tabuleiros e peças.

E- Continua a jogar-se com plástico? Continua! A idiotice é que muitas vezes em vez das peças generosas da Majora com um Rei de 10 cm de altura - as últimas da gravura   (que deveriam usar-se com tabuleiros de 5,5 a 5,8 de quadrado!!!) continua-se a preferir umas peças raquíticas com um Rei de 7cm de altura, o penúltimo Rei da gravura. Gostava de entender, mas não consigo! Mais... hoje na Web conseguem-se peças de plástico com  moldes/design lindissimos  "Jaques Staunton" a preços da chuva, mas isso é para quem sabe e gosta!

F- Por acaso, na minha coleção, falta-me esse Staunton plástico usado no Zonal do Algarve de 1978, e salvo erro, num Campeonato Nacional Individual disputado em Ilhavo (ganho pelo Fernandes?)!

G- Falo de plástico, e 5º Feira recebo da Eslovénia uma encomenda com  umas peças de plástico! Uma réplica perfeita das Dubrovnik 1950, aquelas que eram amadas por ...Bobby Fischer, as suas peças pessoais. Claro que gostava de ter a réplica em Madeira, mas salário "encoelhado" não dá para mais.

H - Qualquer informação sobre os primeiros quatro jogos era bem vinda e ficava eternamente grato ao leitor: Onde foram feitos os jogos? Os moldes eram Portugueses? Quem esteve por detrás da aquisição das peças? Alguém se lembra do preço dos primeiros jogos em...escudos? 

Então aí vai o escrevinhado em 1982.


O que vou escrever neste artigo, talvez vá parecer estupidez a muito boa gente! Paciência! Temos pena! Gostem, ou não, podem ter a certeza que o escrevo com uma grande raiva, uma imensa e dolorosa pena dos jogadores de xadrez! Sim porque quando penso nisto, acreditem é das raras coisas que me consegue irritar no xadrez! Podem também considerar este artigo como uma breve história do plástico xadrezistico em Portugal!


Para começar, a primeira farpa: Os Jogadores de Xadrez, principalmente em Portugal, são de um desleixo, de uma "faltinha de gosto" impressionante! Não, não estou a referir-me à roupa, aos tiques, às atitudes, estou-me sim a referir a uma coisa muito simples, sem a qual não existe xadrez: O MATERIAL!!

Sabem uma coisa? Badminton, Ténis-de-Mesa , Bilhar, Pesca Desportiva, Canoagem, Ténis, etc.etc.etc,  Nunca vi uma modalidade desportiva, onde os atletas, ou  praticantes, não se preocupassem com o material que usam!! Só no Xadrez!!  Conversa fiada! Não é! Jogador federado que fui durante anos de Ténis-de-Mesa no CDUP, e Badminton no Águas Santas, posso testemunhar, o cuidado com as raquetes, os volantes, as Varna ou as Joola,  da maioria dos jogadores! Sim, caros leitores! Aprendíamos à nossa custa que uma raquete de alumínio, não era a mesma coisa que uma de Carbono ou Boro, que determinado encordoamento e tensão na raquete, podia  fazer a diferença entre andar a "apanhar bonés", ou não ter ao fim de um set toneladas nos braços!
No Ténis-de - Mesa era ver o cuidado com as borrachas Sriver, Tackiness, ou com as madeiras e colas das borrachas. E os avanços na cor das bolas, ou na cor das mesas, para melhorar as performances, segundo estudos científicos? E os sujeitos do Bilhar de competição, o cuidado, o amor que tem pelo taco, pelo estojo? Como se poupa para arranjar um taco de  madeira nobre, etc, etc. E a variedade e complexidade do material de Ténis?


E os xadrezistas? Bem, os Xadrezistas têm tão mau gosto, que até dizem que "empurram a madeira", quando sabem que a maioria das vezes empurram o plástico! Não, nós  devemos ser os praticantes da única modalidade, em que vale tudo, jogar com tudo, empurrar tudo e, com a alegre convicção que isso não interessa! Ainda nos recentes nacionais de Jovens na Amadora, pega-se nos jovens e "pegai lá plástico", ainda por cima péssimo plástico! Mesas e cadeiras do mesmo, tabuleiros de algo parecido, e não querem jovens plastificados! É das maiores indignidades que conheço, hoje em pleno século XXI, um Campeonato Nacional , seja de que escalão for, ser jogado com as miseráveis, anãs e mal feitas chamadas " peças da Federação ". Não dá bom nome à Federação, nem felicidade ao jogador que as tem de manusear!

Claro que toda a minha vida Xadrezística de competição foi realizada com as tais peças referidas, que se não estou enganado já tiveram três versões! Será aquilo a que chamo " burrice ao cubo " ! Mas não, nós jogadores habituamo-nos a elas, quase que sentimos falta delas, quase sentimos raiva se não as vemos " tortinhas" "sujinhas", " amarelinhas " se possível em cima de tabuleiros ainda mais sujos de verde derrota em vez de verde esperança! Certa vez, num defunto Fórum dirigindo-me aos jovens,  descrevi as condições de jogo que muitas vezes fui obrigado a suportar. Querem rever o que escrevi? Aí vai!

 " Vamos às peças e tabuleiros! As vossas mesas e cadeiras são cadeirões e mesas do palácio real de Sintra! Comparado às condições de jogo que tenho  encontrado ao longo dos meus trinta anos de xadrez, a vossa situação...Um  Luxo! Provas? Olhem lá "terna chavalada", já joguei em tabuleiros engraçadíssimos ...eram de platex ( contraplacado) da Direcção Geral dos Desportos e sabem o que acontecia? Não querem saber? Pronto então eu conto! Os tabuleiros com a humidade ficavam ovais e acontecia uma coisa extraordinária, bastava tocar e jogar uma peça e o tabuleiro "dançava" e se o lance era feito de forma mais apressada, o tabuleiro rodava, ou seja, o "gajo" que estava de brancas passava subitamente a jogar de negras!! Pensem
bem, numa época em que não havia Fritz, ou Chess Base, ou Rebel, nem sequer computadores de xadrez, tínhamos o hoje moderno FLIP BOARD, dos programas de xadrez!


Sabem que já joguei em tabuleiros atuais verdes e brancos de vinil, em que a sujidade, as marcas do verde tinto, do café e bagaço, era tanta, tanta, tanta...que Oh fenómeno da natureza, os quadrados eram "verdes-porco" e "branco-ordinariamente sujo"! E sabem que os tabuleiros do meu próprio clube durante anos, o glorioso F.C.Porto eram azuis mas feios? Mas que cheguei a jogar com peças vermelhas e tabuleiros vermelhos? 

E que jogos houve, ao longo da minha vida de xadrez, que para surpresa minha a diferença entre REI e DAMA era quase nenhuma, porque a cruz do rei tinha desaparecido, e a coroa da dama estava tão gasta, que para distinguir as  peças só havia uma solução " espreitar por debaixo da cuequinha da dama"? E cavalos desdentados, esventrados, desorelhados, desafocinhados, coxos, etc, etc? E torres, tão sem ameias, que pareciam sanitas públicas? E peças com defeito em que o plástico estava tão torto, tão torto, deformado, que a  peça pendia para um dos lados, o que me obrigava a atacar no flanco, para onde o plástico estivesse virado? E "peões cabrões" uns ou dois centímetros mais pequenos do que outros, e que se perdiam escondidos no meio das peças! Se calhar eram os peões para dar de gambito! Às vezes dava-os de borla, só
para não ver os "raquíticos", que para "caga-tacos", basto eu Arlindo Vieira!

E sabem que joguei em bares, com mesas daquelas do "tipo" bar do Cais do Sodré?, mesas redondas de 50 cm de alturas com bancos tipo "puf", próprios para o engate, mas...porra, eram gajos os meus adversários!

E mesas em que  não havia espaço para colocar os cotovelos, o que me obrigava a pôr as mãos  no " Abono de família ", vulgo órgãos sexuais, e a escrever os lances na  folha de partida, junta a uma tabuinha nos joelhos! Imaginam os apuros de tempo? E se eu me enganava com a caneta? Olhem poderia não ter mais crianças, o que significava, dar cabo do tal abono de família!

Mas há mais! Joguei xadrez não em mesas, mas em tábuas de madeira de todas as qualidades e feitios! Sou um especialista de carpintaria, devido ao xadrez, juro!!! Joguei em tábuas tão grossas que se no final da partida desse um murro na mesa depois de uma derrota, lá iria a mão para  o "caraças", mas também em tábuas tão finas, que um pequeno toque de um joelho
fazia as peças e tabuleiro elevar-se qual "Space Shutlle" na atmosfera?

E salas com jogos de bilhar snooker ou livre a decorrer, durante os jogos?

 E  salas tão velhas, tão degradadas, que se via o andar de baixo pelos buracos no soalho? E salas em que chovia lá dentro? E salas "alpinistas" em que se tinham de subir para aí 200 escadas? E jogar em cozinhas?

E jogar em condições "esquimóticas" em que o simples levantar a peça levava  ao congelamento imediato da mãozinha que o fazia? E salas de sauna, em que a falta de ar, a transpiração era tanta, que até as peças suavam? "

Foi isto que escrevi! Hoje, continuo a dizer que pouco mudou! A FIDE tem recomendações para a utilização das peças de xadrez e tabuleiros,  aconselhando As peças Staunton nº 5 ou 6 e tabuleiros de 5, 5 de quadrado! Continuamos com as peças pseudo-Stauton 4 feias, minúsculas, sem graça, "pau para toda a colher" e que até Clubes de xadrez prestigiados como o meu G.X.Porto se converteu, vai para anos! É uma luta que tenho perdido! No meu saudoso F.C.Porto, tínhamos os tais tabuleiros azuis e cinzentos, mas  recebíamos em nossa casa, as equipas com as nossas peças Staunton espanholas de madeira,!

Estas peças de plástico, principalmente as primeiras, tenho uma vaga ideia como apareceram, agora o que é incompreensível e continua a sê-lo, é o molde miserável em que estas peças foram e são moldadas! Já nos finais dos anos 70 a Majora tinha modelos de peças lindíssimas, de madeira-modelo alemão, ( tenho um! ) e plásticas , modelo inglês, ( também tenho ) igualzinho aquele com que se fez a massificação do xadrez nos anos 70 e 80 nas Ilhas Britânicas, peças grandes, quase um Stauton 6 .

Mas não , depois de uma primeiras peças anémicas, esguias, com peões raquíticos, surge uma 2ª versão, sempre pequenina, enfezada, com peças amareladas com cavalos desconfiados quase a relinchar de medo, depois uma versão em que as peças estavam melhor alimentadas, o Cavalo tinha melhor cara, e a um bispo esquelético das primeiras, sucedeu, um bispo, gorducho, bem encarapuçado! Agora existe uma versão, novamente anã, das peças plásticas em Portugal, esta "políticamente correcta" do estilo " não comprometer", nem são como as primeiras, nem como as segundas, são digamos "intermédio da tal ponte de tédio" que sinto a olhar para elas! Então os cavalos senhores, têm um focinho baixo, envergonhado, quase que a assumirem a sua inferioridade em relação ao par de bispos! Feias! Feias! Feias a valer! Quem compra disto, devia ir para " a plastificação que o plastificou" !


E depois, que tem isso a ver? Isso interessa alguma coisa? Ouçam lá ! Vocês julgam que um Grande Mestre, ou mesmo um MI, jogam com uma "merdaça" destas num torneio Internacional? Provem-me! Mostrem-me revistas, imagens onde: A- GM joguem com plástico B- Torneios Internacionais onde se jogue com peças Staunton 4.


Uma história verdadeira: Vai para anos num Zonal no Algarve, onde estavam  vários Gm da ex-Jugoslávia como o Ljubojevic, o Ivkov, o Velimirovic, entre outros, estes recusaram-se terminantemente a jogar com as peças plásticas da Federação, e o Ljubojevic, segundo parece, até quis atirar com  um tabuleiro e peças pela janela fora! Nesse Torneio a Federação teve de se desunhar e ir a Espanha comprar umas peças de plástico a imitar madeira, mas um Staunton enorme e bonito tamanho 6 ! Hoje nos nacionais e em torneios internacionais a Federação já vai apresentando tabuleiros e peças modelo espanhol.

E já agora uma pergunta: Com que material recebem nas vossas Salas as equipas adversárias? Certamente com plástico? Não acham que é tempo de receber os adversários com umas belas peças e tabuleiros de madeira? Estou louco? São caríssimas! Resposta: É MENTIRA! Sabem o que me apetecia escrever aqui - e vou escrever : " diz-me que peças de xadrez tens na tua sala, dir-te-ei que Clube és! " !


Algum dia posso conceber ou imaginar, um Clube como o G.X.Alekhine, ou Um Ateneu Comercial de Lisboa, ou o meu G.X.Porto com peças da Federação em cima das mesas?

Não me venham falar de progresso, na inevitabilidade das coisas! Jogar num bom tabuleiro de madeira com peças de madeira, não é a mesma coisa do que jogar naquela "mixórdia" das peças plásticas e tabuleiros plásticos! Quando estiverem num torneio, façam a experiência: sentem-se em frente de dois destes tabuleiros e digam-me que é a mesma coisa: não é!

Abaixo o plástico xadrezistico. Pela dignidade da madeira e do "empurrar madeira"!

7 comentários:

  1. O terceiro conjunto da fotografia é o único de jeito e o único que possuo! As primeiras ainda há desculpa para a sua existência, mas depois do terceiro conjunto, não sei que mentes iluminadas decidiram que a "evolução" seria os outros dois mamarrachos seguintes! Realmente, só representam o declínio. É confrangedor ver no youtube jogar-se com aquelas peças em rápidas e rapidinhas cujo design escolhido por um iluminado qualquer provávelmente daqueles de secretária e comando em postos de decisão mas que de xadrez percebem pouco, sempre a caírem constantemente por serem tão fininhas e altas e sem estabilidade nenhuma.

    ResponderEliminar
  2. Caro anónimo. Em parte de acordo consigo. O Conjunto representado pelo Rei nº3 é sem dúvida o mais estável, mas a altura das peças é...miserável e continuo com dúvidas se já na

    O Jogo 4 é o de "molde" da Majora e tem um Rei com 10cm de altura e as peças tem bases generosas, o problema é o que pôe : è muito bom para lentas, mas para rápidas, rápidas... muito leve! Aliás este jogo é uma cópia plástica adaptada de nmodelo britânico de madeira Staunton e foi nos anos 80 feito às centenas de milhar em Inglaterra para seguindo a onda de Miles, Nunn, Mestel,Speelman etc, fazer a massificação do xadrez britânico. Não sei se a Majora adquiriu o molde, ou os comprou em Inglaterra. Ainda hoje este jogo é usado em todo o mumdo em vários Torneios particuarmente de Jovens quer na Grã-Bretanha quer nos EUA ( é o jogo de plástico mais popular, vendendo-se em cores inacreditaveis)

    Um dos grandes problemas dos jogos plásticos feitos em Portugal: Não são chumbados, não têm peso e sabe bem porquê. Encarece o jogo, porque a injeção do plástico e depois o trabalho de chumbamento que tem de ser bem feito e proporcinal ao tamanho e peso da peça, senão entorta-a ou parte-a mesmo, seguido do "feltramento". Hoje tenho dezenas de jogos plásticos e quase todos chumbados e feltrados muitos deles não ultrapassam os 25 Euros!
    Curiosaamente é que tivemos possibilidades de ter jogos de madeira feitos cá, ou pelo menos importados e nunca a aproveitamos. Só as "Indajesa" espanholas que tinha o F.C.Porto eram conhecidas, mas feitas e compradas em Espanha. Mas isso ficará para outros artigos.
    Obrigado pela sua colaboração.

    ResponderEliminar
  3. Caro Arlindo Vieira, concordo que a altura do rei nº3 é realmente miserável, embora o plástico seja também muito diferente para melhor por ser muito mais rijo do que os próximos dois conjuntos. Na perspectiva de uma evolução, o ideal seria a altura do último rei com o corpo do nº3. Os ingleses e americanos seguem a via da massificação tal como fazem com os livros, embora a réplica de modelos de madeira para plástico seja discutivel a meu ver pelas próprias características do plástico. Possuo também umas enormes em plástico da House of Staunton, mas sinceramente hoje em dia prefiro a simplicidade, funcionalidade e o sentido práctico das peças e tabuleiros afastando-me do comércio dos ingleses e americanos e da beleza rebuscada das madeiras nobres feitas na Índia e isto é válido também para material de estudo onde a meu ver, os russos, ucranianos e antiga jugoslávia estiveram sempre à frente, estando atrás apenas no marketing. Nós com a Majora seguimos a via corrente dos monges copistas sem ideias próprias, ainda por cima um país com a nossa rica história poderia bem ter conjuntos tipo
    D. Afonso Henriques ou Cristóvão Colombo! Se isto estivesse na mão dos espanhois, já Sintra sempre visitada no verão por tantos turistas, estaria transformada na cidade de Toledo com conjuntos de D. Afonso Henriques contra os mouros e no meio disso, a oportunidade perdida que me diz de termos desaproveitado a hipótese de termos jogos de madeira feitos cá, ilustra bem no micro-cosmos que é o xadrez a comparação da nossa falta de competitividade das empresas no país relativamente ao exterior. Obrigado pelo artigo, gostei de saber que Ljubojevic quis atirar com um tabuleiro pela janela :-)) Ele lançou agora um livro de partidas dele em capa dura com 400 páginas.
    -José Ribeiro

    ResponderEliminar
  4. Obrigada pelo comentário caro Amogo José Ribeiro.
    omecemos pelo fim: O Ljubojevic e o seu livro. è em linguagem "Informator" e por isso dispenso!


    Sobre as peças Indianas: certo! Algumas são tão bonitas, com cavalos tão, tão alazões que não são de xadrez, são de..."bibelot"! E tem um efeito de distração no próprio jogo que quase tornam as peças um objeto "Kitsch".


    Sobr as peças de Plástico: Todas as peças que não tenham entre 8,5 e 10cm de altura de Rei, não são peças de xadrez, são...brinquedos e perigosos! Juro-lhe uma coisa, as peças representadas pelo Rei 1 e 2 retirei-as do contato com os meus filhos - estavam em tabuleiros em casa - por perigosas. Os peãos podiam ser facilmente engolidos!

    Sobre as peças plásticas que indicou da HOS tenho várias,. quase todas, e não concordo que não sejam práticas, mas todas exigem tabuleiro de 6cm de quadrado, todas!


    Estou como o José Ribeiro, o lado prático deve contar muito e os países de leste mostraram o lado prático das peças de xadrez-afastando-as dos "arrebites" desnecessários, dos embelezamentos atificiais, produzindo-as para o jogo de tabuleiro e estudo. Porque acxha que sou um fanático colecionador das peças da ex URSS, da Ex-Jugoslávia, das peças Checas ou Húngaras? Ainda agora recebi em versão plástica as peças preferidas de Fischer as " Dubrovnik" e que é quase o jogo Nacional da Croácia? São umas peças lindas, lindas, na sua simplicidade! Tenho um Subotica dos anos 60 fabuloso e por aí fora!

    Sobre a Majora: apenas e só uma dúvida: Serão os moges copistas? Não sei! Ninguém sabe! Infelizmente a Majora não tem a meu conhecimento um catálogo racionalizado das peças de Xadrez que fabricou ou vendeu, quer apostar!? Aliás a Majora tem um site "penoso" e um Museu que em relação ao xadrez...enfim! Como irá ver em novos artigos a Majora lançou vários jogos em Prrtugal, principalmente de Madeira - em quantidades muito limitadas, que na minha opinião não eram realizados em Portugal, mas cópias de jogos alemães da Bundesliga! (Será Assim) Mas...qual o papel de fabricantes de bilhares ou outras empresas em jogos que aoareceram em Portugal? Compraram a patente? Adquiriram-nos já feitos e distribuiram-nos? Qual o papel da rival da Majora, a "KARTO" ?

    Não sei! Nada existe em Portugal de estudo rscionalizado de jogos de xadrez! Mas nem me admiro: sabe que sobre os Cafés do Porto ( e o meu GXP nasceu num) não existe um estudo profundo sobre os mesmos? Um ou outro artigo, pobre na sua essência e nada mais!
    (Cont)

    ResponderEliminar
  5. Caro José Ribeiro o que quero com o plástico e a madeira neste blogue é deixar "memória futura" sobre o xadrez português! Nós tivemos uma bela oficina-fábrica de fabrico de peças e tabuleiros de xadrez - A Fábrica VICTÓRIA no Porto, depois...quase nada, ou muito pouco, mas mesmo o muito pouco, pouca gente conhece. Acredite que as peças representadas pelo Rei 2, são relembradas já por muitos pouco xadrezistas ( foi uma fabricação restrita!) e que poucos as possuem já! Acredite que o livro e folheto da DG Desportos que coloquei noutro poste , deve ser mesmo uma raridade em muitas bibliotecas de xadrez!

    Repare como niguém diz nada ou sabe nada o que pergunto: Onde foram e de quem era o molde das peças de xadrez 1-2-3 ? Penso que o 4º foi feito numa fábrica portuguesa (zona Centro?) mnas o molde? Ninguém me diz quem escreveu o texto e fez os desenhos do livro e folheto da DGD - Um silêncio Absoluto! Porquê? Talvez eu saiba umas coisas e ...fiquemos por aqui!

    Assim, horrorosas , Staunton 3, mas o que tivemos depois do 25 dce Abril em relação a peças de Xadrez! Hei-de regressar a antes, aos cafés do meu Porto, aos Clubes como o Alelhine, o Ateneu ou o meu GXPorto e a realidadxe era outra em relação ao material de xadrez, que nalguns destes locais foi completamente DELAPIDADO, em que abutre em carcaça tudo, ou quase tudo desapareceu num rapinanço inacreditável! Os silêncios hoje são confrangedores! Existiam Bibliotecas que por artes mágicas foram-se! o Meu GXP é uma honrosa exceção!
    Hei-de deixar neste blogue uma História, incompleta que seja, das peças de Xadrez em Portugal, mesmo que as dignifique de forma irónica em fotos honrosas.

    Cumprimentos calorosos
    Arlindo Vieira

    ResponderEliminar
  6. Caro amigo Arlindo Vieira, realmente quando referi o livro em alusão ao Ljubojevic, desconhecia a forma por não o possuir e deveria ter desconfiado que seria "Informator" pela sua proveniência. No fundo, essas partidas já se encontram nesses volumes e é aquilo que a Chessbase faz que é vender duas e três vezes de forma diferente o mesmo produto e assim não vale a pena. Sobre a linguagem em si, tenho um duplo sentimento, dado que face à concorrência alemã ou holandesa, o detalhe (para quem o procura) é superior mas o problema são as análises de computador em vez das próprias do jogador e para isso dou-lhe razão e prefiro eu ligar também antes o meu, embora as partidas que obtiveram prémio ao longo dessa publicação sejam válidas de estudar e representem um resumo de 42 anos de história do xadrez. Por vezes, os comentários também são enganadores quando Garry Kasparov (e não me refiro aos Predecessores) diz por exemplo: "Aqui Bg5 é o lance ou o plano mais forte" e depois nada se diz sobre, porque é que é o mais forte? Quais os outros lances e planos que considerou para chegar a essa conclusão? etc, ou alguns autores quando dizem por exemplo, Alekhine jogou o lance x e só porque foi jogado por Alekhine é bem jogado?! No fundo, tem sempre de existir é a nossa análise pessoal qualquer que seja a forma como as partidas nos aparecem e compreendo o seu ponto de vista sobre a preferência dos comentários do próprio jogador.

    Sobre os brinquedos de xadrez perigosos para as crianças, verifiquei em casa de um amigo meu que no último conjunto da Majora feito no Porto, já houve esse cuidado e já existe um aviso na caixa para o perigo de ingestão de pequenas peças. O problema dos primeiros conjuntos é que foram de outros tempos. Quanto ás peças da HOS, não digo que não sejam práticas, pessoalmente é que prefiro os conjuntos até um máximo de 5,5cm em termos de visão global do tabuleiro. Tenho umas "Collector Series" com um tabuleiro cartonado verde e branco e a grande mais valia dessas peças é que com toda a certeza, não se veria num blitz ou rápida várias peças a rolar sobre o tabuleiro ou reis a rolar para debaixo da mesa como vejo no youtube! Sobre a HOS agora os portes já são mais elevados e ainda faço votos é para ver uma união económica entre a Europa e a América. Gostaria de ver ao vivo era aqueles tabuleiros magnificos da linha "Custom Contemporary e Signature". Quando encomendei as minhas peças sei que deram uma enorme volta de barco entrando pela Europa.

    ResponderEliminar
  7. (cont) Os países de leste apostam como diz nas peças para o xadrez própriamente dito e para o estudo. A lógica no ocidente nos variados desportos é mais virada para o comércio e o desporto/lucro, pelo menos na vertente de competição onde se tem sempre de investir mais pessoalmente. Por exemplo, no último campeonato do mundo entre o Anand e Gelfand, retirando a pobreza do match curto e sem interesse, gostei muito da ideia (para alguns secante) do xadrez aliado a museus e à arte e isso é algo que só pode reflectir um modo de estar e a cultura de um povo. O SER em vez do TER! Fico a aguardar umas fotos no blog das suas "Dubrovnik".

    Sobre a Majora acredito que não tenham qualquer catálogo das peças de xadrez que fabricaram e todas as suas questões são pertinentes. O nosso mercado sempre foi pequeno e acredito mais que as peças tenham sido compradas lá fora e depois distribuídas cá também consoante o número de vendas. Essa "filosofia" de mercado, é algo que vi acontecer em muitos outros produtos, o problema é que com a globalização os potênciais clientes começam a ir à net comparar preços e depois as nossas empresas por falta de competitividade, visão global e estratégia própria vão à falência pelo simples facto do cliente já não ser o mesmo do passado. Foi triste ver na televisão o encerramento da livraria Portugal com o senhor do cantinho da xadrez onde comprei livros de xadrez nos meus tempos de universitário a dar uma entrevista. Se multiplicarmos estes exemplos pelo resto do país é que se percebe agora o país real bem diferente das duas últimas décadas! Sobre a falta de estudos profundos acerca dos cafés no Porto, não me admiro porque num país que deveria ter uma estátua ao Cristóvão Colombo e mal trata o seu património histórico ou que pensa que o turismo é só golfe...
    A delapidação dos clubes é uma tristeza. O Alekhine está neste momento a tentar organizar uma biblioteca.
    A ideia do blog como memória futura é uma ideia excelênte.

    Um abraço,
    José Ribeiro

    ResponderEliminar