Mas para suavizar a entrada deste artigo, proponho agora colocaram as peças no tabuleiro e verificarem como Kupreichik consegue «parar» o jovem Kasparov, então jovem estrela em ascensão fulgurante, no 49.º Campeonato da URSS em Frunze, aliás ganho por Kasparov e Psakhis. Neste torneio, Kasparov, «levou ao tapete» 10 Grandes Mestres de renome, muitos deles de forma brilhante. Kupreichik não! Consegue conter todas as arremetidas de Kasparov e até o obriga no final a demonstrar todos os seus já extraordinários dotes técnicos. Antes como agora, não era qualquer jogador que se podia gabar de ganhar ou mesmo empatar como Kasparov e, isso só vem demonstrar a imensa categoria de Viktor Kupreichik.
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Cf3 Cf6 4.Cc3 dxc4 5.a4 Bf5 6.e3 e6 7.Bxc4 Bb4 8.0–0 Cbd7 9.Db3 a5 10.Ca2 Be7 11.Ch4 Be4 12.Cc3 Cb6 13.Be2 0–0 14.Cxe4 Cxe4 15.Cf3 Cd5 16.Ce5 Cb4 17.Bf3 Cg5 18.Bg4 Dd5 19.Bd1 Tfd8 20.Bd2 Ce4 21.Bc3 c5 22.Dxd5 Cxd5 23.Bf3 cxd4 24.Bxd4 Cd2 25.Tfd1 Cb3 26.Tab1 Bf6 27.Cc4 Bxd4 28.exd4 Cb4 29.Bxb7 Tab8 30.Bf3 g6 31.Rf1 Tbc8 32.Be2 Cc2 33.Cd2 Ccxd4 34.Cxb3 Cxb3 35.Txd8+ Txd8 36.Td1 Tc8 37.Re1 Rg7 38.Td3 Tc1+ 39.Bd1 Cc5 40.Td8 Tb1 41.b3 Cxb3 42.Tc8 Tc1 43.Txc1 Cxc1 44.Rd2 Ca2 45.Bb3 Cb4 46.Rc3 Rf6 47.Rc4 Re5 48.Rb5 Rd6 49.Rxa5 Rc5 50.f4 Cd5 51.Ra6 Rb4 52.Bd1 Ce3 53.Bf3 Rxa4 54.Rb6 Rb4 55.Rc6 Rc4 56.Rd6 Cd5 57.Re5 Rd3 58.Bxd5 exd5 59.Rxd5 Re3 60.Re5 ½–½
Viktor Davidovich KUPREICHIK, nasce em Minsk, na Bielorússia no dia 3 de Julho de 1949. A «Maravilha de Minsk» como é conhecido no mundo do xadrez, desde cedo revela aptidões inatas para o jogo. Apoiado por professores-treinadores competentes como Anatoly Bykovsky e sobretudo Isaac Boleslavsky, consegue uma progressão constante nos degraus do Olimpo xadrezístico, embora segundo os parâmetros actuais das titulações, lenta: Mestre Internacional em 1977 (28 anos ) e Grande-Mestre, três anos depois, em 1980.
A conjugação do talento natural, aliado ao treino intensivo na senda da escola soviética, supervisionado pelos tais treinadores referidos, teriam de dar necessariamente os seus frutos e Viktor KUPREICHIK aos 16 anos já era Mestre de Xadrez da URSS, para com 20, participar pela primeira vez numa fase final do Campeonato da URSS. O seu talento e o seu agudo estilo de jogo, nunca foi negado, quer pelos seus treinadores, quer por quem o conheceu jovem, embora a sua atitude perante o tabuleiro, lhe valessem muitas vezes, por parte de alguns «críticos», palavras como, indisciplinado, ou descuidado. Falta saber se referidas ao seu jogo, ou à sua natural fogosidade juvenil.
Bykovsky, seu treinador nos anos 60, enquanto júnior, traçou dele o seguinte perfil: «Muito bom tacticamente; só tem olhos para o rei adversário. Kupreichik joga rápido e sempre para o mate». Curioso, que mais ou menos 15 anos depois, a opinião de seu antigo treinador, mantinha-se na essência inalterada sobre o estilo do seu ex-pupilo, afirmando que : «Hoje, Kupreichik, ainda joga melhor, porque tornou o seu estilo de ataque mais refinado, embora aqui e ali algo errático, aventureiro, com altos e baixos». Querem verificar como jogava o jovem Kupreichik com 14, 15 anos?
1.d4 f5 2.e4 fxe4 3.Cc3 g6 4.h4 Bg7 5.h5 d5 6.f3 Cc6 7.Bb5 Dd6 8.fxe4 Dg3+ 9.Rf1 Ch6 10.Bxh6 0–0+ 11.Cf3 Bg4 12.De1 Txf3+ 13.Rg1 Bxd4+ 0–1
O mesmo poderemos fazer na 2.º partida em que o já então conceituado Bagirov, se vê alvo de um ataque terrível, ao cometer a imprudência de deixar o seu rei no centro.
Na terceira, contra o MI austríaco Danner, Kupreichik, demonstra com eloquência e mais uma vez, como castigar um rei centralizado, através de uma série de sacrifícios espectaculares.
Groningen, 1966
1.e4 c5 2.Cf3 d6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cf6 5.Cc3 a6 6.Bg5 Cbd7 7.Bc4 Da5 8.Dd2 e6 9.0–0–0 b5 10.Bb3 Cc5 11.e5 b4 12.exf6 bxc3 13.Df4 gxf6 14.Bxf6 Tg8 15.Rb1 Tg6 16.The1 Db6 17.Bh4 Ta7 18.Cf5 Td7 19.Dd4 cxb2 20.Dh8 Cxb3 21.Be7 Txe7 22.Cxd6+ Dxd6 23.Txd6 Ca5 24.Td8+ Rxd8 25.Dxf8+ Te8 26.Dd6+ Bd7 27.Td1 1–0
Mas se talento e força de vontade, não faltava ao jovem bielorusso, faltava-lhe a experiência, o traquejo de jogo, medir forças com aqueles que poderíamos apelidar de super Grande-Mestres de então, e, na URSS, eles não faltavam, ou não fosse a grande super-potência xadrezística que dominava o xadrez mundial desde os anos 40-50.
Verdes anos, para tanta «fartura xadrezística», aquela que se apresentou em Moscovo no dia 5 de Setembro de 1969, para disputar a final do 37º Campeonato da URSS. 22 competidores, alguns da talha de um Petrosian, Polugayevsky, Smyslov, Stein, Tal, Geller, Balashov, Kholmov, Gipslis, Taimanov, Furman entre outros e o jovem Kupreichik com os seus 20 anos.
Para muitos, o esperado, para Kupreichik, talvez não! O último lugar, o 23.º| Antes do Torneio, tinha afirmado da importância do evento e da experiência que poderia advir para a sua carreira, bem como da oportunidade que teria de jogar com jogadores de top do xadrez mundial, coisa que poderia ser difícil no futuro, todavia, a sua «performance», mais do que uma desilusão, foi um «regresso à terra» à consciência de que o xadrez de alto nível, exigia outro tipo de abordagem , de trabalho, de experiência.Com os nove primeiros classificados, consegui 7 empates, todavia no final encaixou 12 derrotas e só três vitórias.
Mas nem tudo se tinha perdido, pelo contrário, algo se tinha ganho! E se Kupreichik se tinha apresentado em Moscovo, decidido a lutar, a não abdicar do seu estilo combativo, táctico por excelência, com o gosto da criatividade e de assumir riscos no tabuleiro, apesar do desaire, conseguir marcar um estilo, uma forma de abordar o jogo, que lembrava grandes jogadores do passado antigo e recente. Muitas partidas que perdeu, perdeu-as porque arriscou em demasia, porque assumia as despesas do ataque, porque fiel a uma dinâmica de luta, violou muitas vezes as regras posicionais.
O nome de Viktor Kupreichik, não ficou indiferente no xadrez soviético. Sabiam agora, quem era Viktor Kupreichik, certamente não um candidato ao trono mundial do xadrez, mas um jogador extremamente perigoso para qualquer jogador, mesmo conceituado, e sempre disposto a agitar as águas calmas, por vezes demasiado calmas de um torneio, com partidas espectaculares, plenas de beleza combinatória, de audazes golpes tácticos.
A sua carreira, a partir daqui irá decorrer entremeada de altos e baixos, de excelentes resultados, alternados com zeros impiedosos nas classificações. A sua classe e fama, entretanto foram crescendo, bem como o gosto pelo seu estilo das suas partidas, e regalo dos espectadores!
Em mais Campeonatos soviéticos absolutos jogou Kupreichik, com resultados diferenciados, todavia para mostrar a inconsistência de resultados, de estabilização de um padrão de actuação com vista às tabelas classificativas, que sempre marcou a sua carreira até hoje ( e basta ver o resultado medíocre no Memorial Chigorin , para semanas depois ganhar o Torneio B da Aeroflot com um à vontade incrível!), refira-se que depois do pesado desaire do Campeonato Soviético, e à mistura com o seus estudos na Universidade Estatal da Bielo-Russia e jornalista de xadrez no Jornal Znamya Yunosti ( Bandeira da Juventude), foi incluído na Selecção de Jovens mestres, para um encontro no sistema Scheveningem, em Sochi, com uma reputada selecção de Grandes-Mestres como Tal, Korchnoi, Stein, Lutikov, Suetin, entre outros. Os jovens mestres ( Kuzmin, Tukmakov, Vaganian, Beliavsky...) deram boa conta de si, perdendo por uma margem mínima. E Kupreichik, que tinha ocupado o lugar referido um ano antes, agora consegue uns respeitosos 7,5 pontos de 14, contra a forte concorrência.
Kasparov,Garry (2630) - Kupreichik,Viktor D (2580) [D18]
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Cf3 Cf6 4.Cc3 dxc4 5.a4 Bf5 6.e3 e6 7.Bxc4 Bb4 8.0–0 Cbd7 9.Db3 a5 10.Ca2 Be7 11.Ch4 Be4 12.Cc3 Cb6 13.Be2 0–0 14.Cxe4 Cxe4 15.Cf3 Cd5 16.Ce5 Cb4 17.Bf3 Cg5 18.Bg4 Dd5 19.Bd1 Tfd8 20.Bd2 Ce4 21.Bc3 c5 22.Dxd5 Cxd5 23.Bf3 cxd4 24.Bxd4 Cd2 25.Tfd1 Cb3 26.Tab1 Bf6 27.Cc4 Bxd4 28.exd4 Cb4 29.Bxb7 Tab8 30.Bf3 g6 31.Rf1 Tbc8 32.Be2 Cc2 33.Cd2 Ccxd4 34.Cxb3 Cxb3 35.Txd8+ Txd8 36.Td1 Tc8 37.Re1 Rg7 38.Td3 Tc1+ 39.Bd1 Cc5 40.Td8 Tb1 41.b3 Cxb3 42.Tc8 Tc1 43.Txc1 Cxc1 44.Rd2 Ca2 45.Bb3 Cb4 46.Rc3 Rf6 47.Rc4 Re5 48.Rb5 Rd6 49.Rxa5 Rc5 50.f4 Cd5 51.Ra6 Rb4 52.Bd1 Ce3 53.Bf3 Rxa4 54.Rb6 Rb4 55.Rc6 Rc4 56.Rd6 Cd5 57.Re5 Rd3 58.Bxd5 exd5 59.Rxd5 Re3 60.Re5 ½–½
Viktor Davidovich KUPREICHIK, nasce em Minsk, na Bielorússia no dia 3 de Julho de 1949. A «Maravilha de Minsk» como é conhecido no mundo do xadrez, desde cedo revela aptidões inatas para o jogo. Apoiado por professores-treinadores competentes como Anatoly Bykovsky e sobretudo Isaac Boleslavsky, consegue uma progressão constante nos degraus do Olimpo xadrezístico, embora segundo os parâmetros actuais das titulações, lenta: Mestre Internacional em 1977 (28 anos ) e Grande-Mestre, três anos depois, em 1980.
A conjugação do talento natural, aliado ao treino intensivo na senda da escola soviética, supervisionado pelos tais treinadores referidos, teriam de dar necessariamente os seus frutos e Viktor KUPREICHIK aos 16 anos já era Mestre de Xadrez da URSS, para com 20, participar pela primeira vez numa fase final do Campeonato da URSS. O seu talento e o seu agudo estilo de jogo, nunca foi negado, quer pelos seus treinadores, quer por quem o conheceu jovem, embora a sua atitude perante o tabuleiro, lhe valessem muitas vezes, por parte de alguns «críticos», palavras como, indisciplinado, ou descuidado. Falta saber se referidas ao seu jogo, ou à sua natural fogosidade juvenil.
Bykovsky, seu treinador nos anos 60, enquanto júnior, traçou dele o seguinte perfil: «Muito bom tacticamente; só tem olhos para o rei adversário. Kupreichik joga rápido e sempre para o mate». Curioso, que mais ou menos 15 anos depois, a opinião de seu antigo treinador, mantinha-se na essência inalterada sobre o estilo do seu ex-pupilo, afirmando que : «Hoje, Kupreichik, ainda joga melhor, porque tornou o seu estilo de ataque mais refinado, embora aqui e ali algo errático, aventureiro, com altos e baixos». Querem verificar como jogava o jovem Kupreichik com 14, 15 anos?
A 1.ª partida, uma deliciosa miniatura, está nos manuais da Holandesa e particularmente nos capítulos «como não se deve jogar um Gambito Stauton, de brancas», ou se quiserem como «um caçador é caçado»! Vejamos se é ou não verdade que Kupreichik, «só tinha olhos para o rei adversário».
Malisov Boris - Kupreichik Viktor [A82/03] Minsk, 1963
1.d4 f5 2.e4 fxe4 3.Cc3 g6 4.h4 Bg7 5.h5 d5 6.f3 Cc6 7.Bb5 Dd6 8.fxe4 Dg3+ 9.Rf1 Ch6 10.Bxh6 0–0+ 11.Cf3 Bg4 12.De1 Txf3+ 13.Rg1 Bxd4+ 0–1
O mesmo poderemos fazer na 2.º partida em que o já então conceituado Bagirov, se vê alvo de um ataque terrível, ao cometer a imprudência de deixar o seu rei no centro.
Bagirov Vladimir - Kupreichik Viktor [D17]
Leningrad, 1965 [Kupreichik]
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Cf3 Cf6 4.Cc3 dxc4 5.a4 Bf5 6.Ch4 Bg4 7.h3 Bh5 8.g4 Bg6 9.Cxg6 hxg6 10.g5 Cd5 11.e4 Cb4 12.Be3 e5 13.dxe5 Cd7 14.f4 Bc5 15.Bd2 Cxe5 16.fxe5 Dd4 17.De2
[17.Th2 Txh3!! 18.Bxh3 (18.Tg2 Cd3+ 19.Bxd3 cxd3–+) 18...Dg1+ 19.Bf1 Cd3+ 20.Re2 Dg4#]
17...Cc2+ 18.Rd1 Cxa1 19.Dxc4 0–0–0 20.Th2 Dxe5 21.Te2 Td4 22.Da2 Df4 (se 23.Bg2-Thd8 24.Cb1–Bb4) 0–1
Leningrad, 1965 [Kupreichik]
1.d4 d5 2.c4 c6 3.Cf3 Cf6 4.Cc3 dxc4 5.a4 Bf5 6.Ch4 Bg4 7.h3 Bh5 8.g4 Bg6 9.Cxg6 hxg6 10.g5 Cd5 11.e4 Cb4 12.Be3 e5 13.dxe5 Cd7 14.f4 Bc5 15.Bd2 Cxe5 16.fxe5 Dd4 17.De2
[17.Th2 Txh3!! 18.Bxh3 (18.Tg2 Cd3+ 19.Bxd3 cxd3–+) 18...Dg1+ 19.Bf1 Cd3+ 20.Re2 Dg4#]
17...Cc2+ 18.Rd1 Cxa1 19.Dxc4 0–0–0 20.Th2 Dxe5 21.Te2 Td4 22.Da2 Df4 (se 23.Bg2-Thd8 24.Cb1–Bb4) 0–1
Na terceira, contra o MI austríaco Danner, Kupreichik, demonstra com eloquência e mais uma vez, como castigar um rei centralizado, através de uma série de sacrifícios espectaculares.
Kupreichik Viktor - Danner Georg [B94/09]
Groningen, 1966
1.e4 c5 2.Cf3 d6 3.d4 cxd4 4.Cxd4 Cf6 5.Cc3 a6 6.Bg5 Cbd7 7.Bc4 Da5 8.Dd2 e6 9.0–0–0 b5 10.Bb3 Cc5 11.e5 b4 12.exf6 bxc3 13.Df4 gxf6 14.Bxf6 Tg8 15.Rb1 Tg6 16.The1 Db6 17.Bh4 Ta7 18.Cf5 Td7 19.Dd4 cxb2 20.Dh8 Cxb3 21.Be7 Txe7 22.Cxd6+ Dxd6 23.Txd6 Ca5 24.Td8+ Rxd8 25.Dxf8+ Te8 26.Dd6+ Bd7 27.Td1 1–0
Mas se talento e força de vontade, não faltava ao jovem bielorusso, faltava-lhe a experiência, o traquejo de jogo, medir forças com aqueles que poderíamos apelidar de super Grande-Mestres de então, e, na URSS, eles não faltavam, ou não fosse a grande super-potência xadrezística que dominava o xadrez mundial desde os anos 40-50.
Verdes anos, para tanta «fartura xadrezística», aquela que se apresentou em Moscovo no dia 5 de Setembro de 1969, para disputar a final do 37º Campeonato da URSS. 22 competidores, alguns da talha de um Petrosian, Polugayevsky, Smyslov, Stein, Tal, Geller, Balashov, Kholmov, Gipslis, Taimanov, Furman entre outros e o jovem Kupreichik com os seus 20 anos.
Para muitos, o esperado, para Kupreichik, talvez não! O último lugar, o 23.º| Antes do Torneio, tinha afirmado da importância do evento e da experiência que poderia advir para a sua carreira, bem como da oportunidade que teria de jogar com jogadores de top do xadrez mundial, coisa que poderia ser difícil no futuro, todavia, a sua «performance», mais do que uma desilusão, foi um «regresso à terra» à consciência de que o xadrez de alto nível, exigia outro tipo de abordagem , de trabalho, de experiência.Com os nove primeiros classificados, consegui 7 empates, todavia no final encaixou 12 derrotas e só três vitórias.
Mas nem tudo se tinha perdido, pelo contrário, algo se tinha ganho! E se Kupreichik se tinha apresentado em Moscovo, decidido a lutar, a não abdicar do seu estilo combativo, táctico por excelência, com o gosto da criatividade e de assumir riscos no tabuleiro, apesar do desaire, conseguir marcar um estilo, uma forma de abordar o jogo, que lembrava grandes jogadores do passado antigo e recente. Muitas partidas que perdeu, perdeu-as porque arriscou em demasia, porque assumia as despesas do ataque, porque fiel a uma dinâmica de luta, violou muitas vezes as regras posicionais.
O nome de Viktor Kupreichik, não ficou indiferente no xadrez soviético. Sabiam agora, quem era Viktor Kupreichik, certamente não um candidato ao trono mundial do xadrez, mas um jogador extremamente perigoso para qualquer jogador, mesmo conceituado, e sempre disposto a agitar as águas calmas, por vezes demasiado calmas de um torneio, com partidas espectaculares, plenas de beleza combinatória, de audazes golpes tácticos.
A sua carreira, a partir daqui irá decorrer entremeada de altos e baixos, de excelentes resultados, alternados com zeros impiedosos nas classificações. A sua classe e fama, entretanto foram crescendo, bem como o gosto pelo seu estilo das suas partidas, e regalo dos espectadores!
Em mais Campeonatos soviéticos absolutos jogou Kupreichik, com resultados diferenciados, todavia para mostrar a inconsistência de resultados, de estabilização de um padrão de actuação com vista às tabelas classificativas, que sempre marcou a sua carreira até hoje ( e basta ver o resultado medíocre no Memorial Chigorin , para semanas depois ganhar o Torneio B da Aeroflot com um à vontade incrível!), refira-se que depois do pesado desaire do Campeonato Soviético, e à mistura com o seus estudos na Universidade Estatal da Bielo-Russia e jornalista de xadrez no Jornal Znamya Yunosti ( Bandeira da Juventude), foi incluído na Selecção de Jovens mestres, para um encontro no sistema Scheveningem, em Sochi, com uma reputada selecção de Grandes-Mestres como Tal, Korchnoi, Stein, Lutikov, Suetin, entre outros. Os jovens mestres ( Kuzmin, Tukmakov, Vaganian, Beliavsky...) deram boa conta de si, perdendo por uma margem mínima. E Kupreichik, que tinha ocupado o lugar referido um ano antes, agora consegue uns respeitosos 7,5 pontos de 14, contra a forte concorrência.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarMais um excelente artigo, Arlindo.
ResponderEliminarNa imensa História do Xadrez, Victor Kupreichik é mais uma daquelas estrelas que nunca chegou a brilhar como devia e que infelizmente pouco diz ao mundo do tabuleiro de hoje. Como também pouco se valoriza Grigory Levenfish, Carlos Torre ou Vladimir Zak, esse Dvoretsky de outros tempos.
Não há tempo nem vontade de os conhecer.
A referência aos campeonatos soviéticos faz-me entretanto voltar ao anterior tema: Os actuais torneios de Xadrez.
Nos dias que correm os chamados Torneios de Elite raramente passam dos seis jogadores e muitos, como o Grand Prix de Bilbao, ficam-se pelos quatro.
Questões orçamentais, dificuldades de agenda, problemas logísticos...não sei! Mas quando olhamos para alguns dos grandes Torneios da História, com 16, 18, 20, 22 e até mais jogadores, pensamos se este modelo minimalista em circuito fechado acrescenta algo a Caissa...
Tenho dúvidas.
Um grande abraço
Não, não acrescenta nada ao xadrez! O Mundo do Xadrez está insípido, incolor e inodoro! Um mundo de muito poucos que por poucos serem, querem manter o status.
ResponderEliminarSobre Kupreichik: O incrível sobre este grande jogador e sobre outros é que as suas partidas jazem "inertes" em bases de dados de milhões, e passam despercebidas, apesar de serem autênticas jóias do xadrez! E perdemos nós tempo a ver empates idiotas, e vitórias de GM de topo que embarretam como jogadores de Clube!
O Jogo de Kupreichik é um tratado de ataque no xadrez. Quanhto ganharia um miúdo se estudasse a sério as suas partidas?
Qual o valor efectivo para a História, a beleza, a arte do xadrez e muitas partidas da "Maravilha de Minsk"?
O que se sabia até muito pouco tempo de Rashid Nezhmetdinov?
E se não fosse esse extraordinário Senhor do xadrez chamado Sosonko, o que se saberia de Bagirov, Zak e por aí fora? Nada! Mas o que se sabe hoje de Kolisch? de Leonhardt, de Duras, de Teichmann? Muito pouco!
Falas em Levenfish...que extraordinário jogador! A "mãozinha" de Botvinnik no ele não ter ido mais além? A sua pouca ou nenhuma adesão ao Stalinismo?
Um livro Russo de Voronkov sobre os 1ºs Campeonatos Soviéticos tem destacado à figura de Levenfish, que só é conhecido pela variante da Dragão!!??
Enorme abraço, Alexandre!
Uma questão: Conheces um livro " Xadrez no IV Centenário" 1965, FMX ( Federação Metropolitana de Xadrez), por J. T. Mangini, que trata não só do Torneio Internacional Popular do IV Centenário ( com Averbach e Stein) e do Campeonato Individual Brasileiro ganho pelo Mequinho?
Fui descobrir esta preciosidade na biblioteca do meu GXP!