Um troféu. Uma simplicíssima e
pequena taça. O ano estampado na quase identificável gravura que a identificava.
Vi-a num destes leilões online quase dada e foi logo enamoramento. O anúncio só
dizia taça de xadrez. Pelo zoom da
fotografia, e antes de uma limpeza, percebi que tinha a ver com FEDA (Federacion
Española de Ajedrez). Depois sem surpresa , o ano longínquo de 1950, o Torneio Ibérico
de Xadrez, a taça correspondente ao 4º lugar. Por acréscimo, a perceção de
jogadores portugueses presentes, mas mesmo uma rápida pesquisa em sites
espanhóis, nada. Bastou virar a cabeça para a estante de xadrez e pegar no
livro que tinha comprado vai para anos sobre Pomar ( bela homenagem, diga-se,
num belo livro “ Arturito Pomar , Una Vida Dedicada al Ajedrez”, de Antonio
Manzano e Joan Vila, PaidoTribo), para ler que o referido Torneio vinha
referido na sua página 109, juntamente
com uma partida entre Pomar e Lupi. Pelos participantes e classificação, fácil perceber
a quem pertenceu a taça que agora na minha posse. Num torneio ganho por Medina
com 5,5 pontos João de Moura tinha ficado em 4º lugar com Francisco Perez no 5º
e como tal, seu este troféu. Os outros jogadores foram Pomar e Fuentes (2º e 3º),
João Mário Ribeiro, 6º , Lupi, 7º e Jimeno 8º.
Resolvido o enigma. Caminhos
ínvios e misteriosos estes ligados a pormenores da História do Xadrez Português
a que sou conduzido por improváveis desígnios e cintilações surpreendentes.
Outros me tem acontecido.
Como este pequeno troféu chegou
às minhas mãos, qual o seu percurso de 66 anos até acabar num leilão online por
menos de 10 Euros, daria outra crónica aliciante sobre a forma como em Portugal
se desperdiça o património histórico xadrezistico português, seja por
desinteresse, incúria familiar, seja pela arte de falcoaria patrimonial
escaquística levada a cabo por falcoeiros-mor em determinados clubes de grande
tradição no xadrez português (para só falar nesses). O que foi delapidado, desviado,“gamado”,
“fanado”, “emprestadado” em bibliotecas
e afins de clubes, por passarinhos e passarocos, abutres e falcões mostra que
de “feios-porcos e maus”, não se pode gabar só o Scola.
Assim este pequeno artigozito de
testemunho relativo a um bem forte jogador português , Campeão Nacional por
três vezes ( 1940, 1951, 1952) , que alternava períodos de atividade com outros
de completo afastamento do tabuleiro, que começou no Grupo de Xadrez de Lisboa,
passou pelo Benfica para depois jogar no Grupo Desportivo da Costa do Sol ( e
mais não sei, confesso…perdi as revistas da FPX a partir de 44), e sobre quem nunca vi (ou desconheço) um artigo de fundo, uma homenagem como deve ser pelo
seu contributo para o Xadrez Nacional ( seja lá o que isso for!).
Assim aí vai, com fotos generosas
para guardar, imprimir. O João de Moura
bem merece. Se alguém tiver algo mais sobre Ele (principalmente das RPX, ou outras publicações) agradeço contacto através deste blogue (para lhe enviar o meu mail). Desde já agradecido.
Torneio de Mestres 44
Simultânea no G X PORTO anos 50
Da RPX