XADREZ MEMÓRIA

Xadrez de memórias, histórias e (es)tórias, de canteiro, de sussurro, de muito poucos...

19/06/10

Uma Oferta...Um Senhor do Xadrez...Um Obrigado




Depois de caloroso cumprimento e porque em equipa desfalcada, o quarto tabuleiro exigia concentração apurada numa eliminatória de uma Taça de Portugal:

- Arlindo, tenho uma coisa para te oferecer, guardada pr'aí há dois anos! Espero que não tenhas!

Não tinha. E sem jeito, os olhos brilharam-me de alegria. Como criança com brinquedo novo, apeteceu-me um daqueles "Yes" de braço curvado, como os meus adolescentes perante positiva em teste, não fosse perturbar o silêncio do jogo na sala do Meu GXP.

Assim, dois anos de espera para me dar uma prenda que segundo o "ofertante" encaixava no que sabia da minha adoração do xadrez. Assim os Amigos! Assim aquilo que sei vai para muitos anos no xadrez português.



Há de tudo :Os ambiciosos e muito, o aprendiz de carreirista, o "rapidinhas" do Clube, o parvo xadrezista não vicentino, o analfaxadrezista, o equídeo nem de plástico nem de madeira que faz concorrência aos quatro outros, o dirigente ditador-tasqueiro, o imberbe, o que julga que joga muito e não passa de "piço" , o Jovem que é o JXPQNVLN e ...



OS QUE AMAM verdadeiramente o xadrez de coisa amada, os verdadeiros amadores, aqueles para quem o xadrez além da competição, é uma "festa" de amizade, de cultura xadrezista, de amor à causa, seja um blogue, uma simples sala de um clube, um respirar cada vez mais ofegante e difícil para manter aquilo que é a verdadeira riqueza do xadrez nacional-Os Clubes!

Assim o Sirgado, o Meu Amigo, Carlos Sirgado que me enlevou com a oferenda.E que oferenda!

Não tinha o livro, adorei-o! Não sei a data, nem a edição. Não quero saber! Tem a data de bondade para mo dar, e a edição da amizade , categoria intelectual e cultural-xadrezista de quem mo ofertou!

Caro Sirgado...Tenho dois anos para pensar na retribuição, embora saiba que ele nem sonhada a pensou!

Na Minha Biblioteca em lugar visível de destaque - O PHILIDOR , do Carlos Sirgado!

PS: o GXP passou a eliminatória, mas curiosamente não me senti muito empolgado. Semanas antes no excelente site do Ginásio " Há Xadrez em Odivelas", tinha escrito:

"Claro que não vos desejo a vitória, mas também não sei explicar porquê… a derrota, porque o GCO é um dos Clubes mais decentes e simpáticos do xadrez nacional (e se calhar “pobre” que acaba por ser rico -já somos dois!)".

Claro que reencontrar o António Pereira dos Santos, foi outras das minhas alegrias. Perdeu, mas a sua postura de cavalheiro e senhor do Xadrez, é como o "Constantino", vem de longe!



2 comentários:

  1. Oh Arlindo!

    Isto não se faz!...

    Agora fiquei todo babado e como é que eu posso ir jogar, às 15h, à Sociedade Euterpe Alhandrense, para a Taça de Lisboa, defendendo mais uma vez as cores do GCO, se estou todo babado?
    O interesse da oferta está no facto de eu considerar que o livro te será muito mais útil a ti do que a mim! E espero que seja! Irás descobrir porquê...
    Espero que, quando nos voltarmos a encontrar, me possas contar histórias do livro. É para isso que o livro serve! Para falarmos dele e de nós!
    Já agora conto-te uma história. Aqui há uns anos encontrei uma ficção portuguesa que tinha entre os seus personagens, uma figura picaresca: um gajo que 'vendia' simultâneas de Xadrez no Alentejo profundo, e se deslocava numa Renault 4L e ia 'comendo' o que lhe aparecia pela frente.
    Lembrei-me logo de oferecer o livro ao Walter! Ao nosso saudoso Walter Tarira!
    E queres saber o que se passou? Cada vez que nos encontrávamos ríamos a bandeiras despregadas com passagens do livro, que o Walter recitava de cor!
    Para tua informação e de quem nos lê, estou a referir-me a uma obra do grande escritor Mário de Carvalho, "Fantasia para dois coronéis e uma piscina", editado pela Caminho (juro que não ganho comissão...).
    Até breve, Arlindo.
    Sirgado

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  2. Esta história passada no Alentejo lembra-me uma outra bem real:

    Um jogador que há alguns anos aparecia esporadicamente no circuito lisboeta de xadrez, tinha aprendido a jogar sozinho como autodidata, no Alentejo, de onde era originário, numa época muito anterior ao aparecimento da net, do fritz, etc.

    O único parceiro que encontrou para jogar era um pobre trabalhador rural que ainda era mais fraco do que ele mas, não tendo alternativa, pagava-lhe o vencimento diário para ele faltar à jornada de trabalho e poder jogar consigo!

    Anos mais tarde, ao tomar contacto em Lisboa com o xadrez de competição, este nosso amigo descobriu então que aquelas sessões de treino não tinham sido qualitativamente muito proveitosas, no entanto, após 4 ou 5 anos de prática e muita motivação, lá conseguiu atingir uns honrosos 1800 Elo...

    Histórias destas já não são mais possíveis, não é verdade?!...

    António Castanheira

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