XADREZ MEMÓRIA

Xadrez de memórias, histórias e (es)tórias, de canteiro, de sussurro, de muito poucos...

29/03/12

SOVIET CHESS SETS 5 - PEÇAS DE XADREZ SOVIÉTICAS 5




Um Jogo relativamente popular na ex URSS. Pequeno, com Rei de 8 cm, quase de certeza usado muitas vezes com jogo de análise ou de viagem. As características são as já apontadas no artigo anterior, só que aqui os Bispos já vão tomando a forma de carapuça lancetada tão comum das peças soviéticos, onde a mesma peça não era encimada com a tal carapuça de cor contrária. Os cavalos neste jogo são mesmo de madeira mas pouco trabalhados. Pelo estilo nota-se que é um jogo de "trabalho", para uso sistemático.


O relógio que aparece nas peças é o célebre Jantar ou Yantar, enorme (27x17cm!). feito em diversos locais da URSS e quase presença obrigatória em todos os torneios desde 1950 a 1970 (depois começou a ser trocado pelo da mesma marca, mas de muito mais fraca qualidade e sobretudo de um mau plástico -  estes chegaram a ser comprados pela FPX, salvo erro através da Associação Portugal - URSS, e usados em Portugal em torneios nos anos 80. Poucos sobreviveram.





Curiosa a foto de "Devik" Bronstein. Informal, sem relógio ou folha de partida, parece estar na sua "datcha" e este jogo ser um seu tabuleiro privado. Sei que as suas peças favoritas eram a réplica do jogo usado em 72 em Reiquiavique 72 entre Fischer e Spassky (artigo da New in Chess). 


Curiosa a outra  foto: um Torneio na ex URSS num Clube local por identificar, em que estas peças são usadas. Mais uma vez o tal "pecado" que nunca consegui, nem ninguém me consegue explicar: reparem no tamanho minúsculo do tabuleiro dobrável para as peças apresentadas! Não há "respiração" das peças cuja base parece ocupar todo o quadrado! Como conseguia aquela gente ter visão geral do tabuleiro e não se atrapalhar na partida, confesso que me surpreende.



25/03/12

SOVIET CHESS SETS 4 - PEÇAS XADREZ SOVIÉTICAS 4



Como informa a caixa de cartão na minha pobre tradução:

Fabricadas na Fábrica Borodino (e) na região de Moscovo, com a aprovação do Ministério Superior das Indústrias e Direção Geral de Comércio, estas minhas pequenas e deliciosas peças soviéticas que a olho nu e pela minha 
experiência andarão no seu fabrico pelos anos 50-60.


Apresentam já as características tão comuns das peças de xadrez soviéticas : as cores cruzadas das “carapuças” plásticas  nas Damas e nos “espigões” que encimam os Reis.

Os Bispos são curiosos, porque ainda não apresentam qualquer “carapuça”, nem sequer aquilo que mais tarde será outra característica desta peça Russa, a “mitra” lancetada, quase aguçada, mas sim têm uma “cabeça” arredondada ( não é comum nas peças soviéticas a existência daquela fenda tão característica no topo dos Bispos das peças ocidentais).



Os Cavalos já apresentam aquilo que se vai tornar quase um ex-libris das peças soviéticas, principalmente daquelas conhecidas como “Peças Grande – Mestre” : a cabeça da peça é feita de plástico rígido, claramente moldado, mas quando bem feita e pintada, quase não se distingue da base da peça que é de madeira. Só posso explicar este facto pela dificuldade que representaria numa produção em massa, o entalhe em madeira de uma peça complicadas como o cavalo, sendo muito mais fácil, rápido e rentável a fabricação em plástico de molde.

Digo, massificação, porque as peças usadas em muitas finais de Campeonatos da URSS, ou as usadas nos Campeonatos do Mundo, por exemplo Botvinnik – Tal, Petrosian – Botvinnik, ou mesmo o 1º e 2º encontro Karpov-Kasparov, eram especiais, de uma beleza ímpar, em que os cavalos eram finamente talhados - esculpidos em madeira e como tal, hoje uma raridade mesmo na própria Rússia, e muito caras em leilões. 


Aliás, posso informar que as peças do 1º e 2º encontro Karpov - Kasparov que estavam guardadas em museu foram roubadas e hoje devem estar nas mãos de alguns desses abutres – colecionadores que não olham a meios para conseguir os seus fins. O que se encontra hoje no museu em Moscovo na mesa de jogo desses matches, é uma réplica miserável das verdadeiras. 

16/03/12

PEÇAS DE XADREZ SOVIÉTICAS RUSSIAN-SOVIET CHESS SETS 3





Não são modelo Staunton, não sei a época, nem sequer tenho a certeza do material em que foram feitas ( plástico? Bakelite? embora tenham metal na sua composição), apenas e só que são peças russas, ou soviéticas, e que fogem bastante ao modelo simples das peças tradicionais, por muito elaboradas, quase diria, aristocráticas no seu design. Floreadas, com formas algo complexas e torneadas, estas peças exerceram algum fascínio em mim, quando me foram generosamente oferecidas por um amigo do G.X.Porto, que apenas me soube dizer que eram peças russas.








Depois, aqui e ali algumas pesquisas, mostraram algo interessante: ( ver gravuras) 

- Um jogo de peças destes foi objecto de transação na prestigiada casa leiloeira Christie's, por um preço interessante para umas peças de plástico. Parece que as mesma foram fabricadas em Minsk 1984, segundo a leiloeira.




- Ao aparecer em capas de livros de xadrez soviéticos dos anos 70-80, prova alguma popularidade que estas peças deveriam possuir por aquelas bandas.
 



- Existem variantes modernas e elaboradas ( mas não tão bonitas como as originais) deste jogo, principalmente nas figuras do Rei e da Dama, com mais um "andar" junto à base.













09/03/12

PEÇAS DE XADREZ SOVIÉTICAS RUSSIAN - SOVIET CHESS SETS 2




Foi dos primeiros jogos soviéticos que comprei. Vai para uma boa duas dezenas de anos e no Centro comercial Brasília numa loja que vendia diversas bugigangas, bonecas insufláveis e…jogos de xadrez.
  
É aquilo que se chama um jogo de viagem. O jogo de peças não é nada de especial, a não ser aquelas características típicas de muitas peças de xadrez soviéticas: desenho simples, quase estilizado, fabrico em  madeira  "fraquita",  óbvia ausência de cruz nos Reis, embora estas peças também tenham a ausência das célebres "carapuças de bola"de cor cruzada quer nas damas, quer nos bispos, quer embora já fossem presença em peças dos anos 20-30 no centro da Europa, depois de vão tornar imagem de marca das peças de xadrez características dos países ditos então do bloco de Leste, entre elas as da Checoslováquia e Jugoslávia. Outra curiosa característica das peças ( tal como em muitos jogos de leste) é o tamanho generoso dos Peões ( o Peão alma do xadrez - Steinitziano?) .



Ah! O tabuleiro é original. È daqueles dobráveis, com base para guardar as peças em baixo da superfície de jogo e, aqui também se nota um pormenor que sempre me fascinou nos jogos de peças soviéticos. A estreiteza das casas dos tabuleiros face ao tamanho das peças, melhor dizendo, a base das peças. Tenho centenas e centenas de fotos quer de jogadores soviéticos, quer de torneios e, exceptuando os Campeonatos da URSS, na sua fase final, é extraordinário ver como as peças parecem não respirar nos tabuleiros, isto é, parecem apertadas, juntas, quase que ocupam toda casa em que estão, dando uma má visibilidade geral. 


É fantástico ver fotos de torneios das “Forças Armadas”, ou Campeonatos dos Sindicato, por equipas, e ver as condições de jogo! Como se realizavam grandes partidas, enormes combinações, belíssimos finais nestes tabuleiros exíguos de 4,5- 5 cm de casa para bases de peças de 4 ou 4,5 cm de Base, fascina-me. Que eu saiba os jogadores soviéticos nunca se queixaram, habituados como estavam! Curioso é que nas finais dos Campeonatos da URSS, isto não acontecia, pois as fotos mostram as mesmas peças, mas agora “arejadas”, livres, em tabuleiros claramente de 5,5, 6 cm de casa, o que também não me deixa de surpreender. 



Talvez a enorme massificação do xadrez, a necessidade da fabricação de milhões e milhões de jogos, obrigasse a poupanças, a facilidade de transporte e utilização dos tabuleiros. Não sei. Estou a pensar alto.


Aliás, esta característica muito soviética de estreitar casas de tabuleiro para Peças de xadrez em que o Rei quase chega aos 11 -12 cm, levou a um pandemónio nas Olimpíadas de Xadrez de Moscovo de 1994, com os jogadores quase a fazerem um “levantamento de peças” devido a esta circunstância bem como a outras ( O Galego e o Kevin Spraggett sabem a que me refiro), mas isso ficará para outro artigo e outras peças soviéticas, prometo!