23/01/18

MARTINHO LOPES


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Caro Martinho Lopes escrevi-te em vida em 2009, depois de a Casa do Xadrez te ter lembrado. Agora nada mais tenho a dizer. O que disse nesse texto de blogue tinha saído de alguém que tinha percecionado noutro alguém essa paixão tão rara pelo xadrez, que noutros é qualquer coisa que não paixão. 

Caro Martinho Lopes resolveste partir e foi de colunas abertas e tudo, mas podias ter esperado mais um bocadinho na oitava casa, mas não!
Caro Martinho, espera lá um bocadinho: foi o Durão, o Ochoa, Tu, afinal como é? Quando tal vamos ter uma réplica do Nacional de S. João da Madeira no reino de Caissa? Ris-te? Estamos velhos, "Captain" Martinho Lopes!

Em 2009 escrevi-te, que eras dos Bons,  daqueles que até as peças se domam nos dedos que as movem no tabuleiro, que eras dos Puros, dos que deram tudo ao xadrez sem dele nada esperarem, exceto essa magia, esse embruxamento que nos toma a alma por paixão, que eras dos que guardo cá dentro no coração como vinho de excelência em cascos de carvalho e para sempre porque de safra inegualável, que eras de um tempo do xadrez em que havia tempo de transfiguração de um outro tempo de xadrez em que se criavam laços e admirações.

Martinho Lopes, neste teu mundo do xadrez, isto está mesmo ganho pá!  Comigo ganhas sempre, nunca perdes o que ganho conseguiste no meu respeito, na minha admiração, na minha memória. 

Caro Martinho, vou esperar mais um bocadinho, jogar estilo ataque índio de Rei-g3-d3-Cbd2-c3, h3 e tenta esperar mais uns anos até à promoção. Preciso ainda de tempo para te lembrar, a Ti, ao Ochoa, ao Marino, ao Durão, ao Tarira, etc,etc. Assim faz aí a minha inscrição para o tal Torneio que haveremos de jogar e não te esqueças de por a tua melhor barba de pirata. Prometo levar as peças de xadrez mais bonitas da minha coleção , e de madeira claro! Ris-te Martinho? Tu, que adoravas empurrar plástico e amadeirar os teus adversários no tabuleiro!

O Xadrez, Santarém, a Casa do Xadrez perderam um HOMEM.

E estou triste e contente: pela perda e pelo que o xadrez me foi dando de alegrias ao longo da vida muito vezes escondido no halo do xadrez, nem que fosse conhecer de raspão Martinho Lopes.
Obrigado, PÁ!

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